Entidade de auxílio as famílias com casos atípicos
Por Manoela Alves
“Ágape significa amor incondicional”, é com essa frase que as representantes da entidade criada a pouco mais de um ano, no município de Anta Gorda se identificam. São mães, pais e voluntários que trabalham pela igualdade e atendimento das pessoas atípicas e com síndromes no município.
São diferentes histórias que se cruzaram por um elo em comum; querer que seu ente querido tenha atendimento, acolhimento, amor, empatia e compreensão.
A presidente da entidade, Marivone M. P. Pinsetta, junto a sua vice Adriana Malvessi e primeira secretária Priscila Procópio de Araújo Cappellari, falam que a fundação dessa associação surgiu da necessidade de unir forças, pois o trabalho de uma mãe de um filho atípico muitas vezes se torna solitário.
“Quem tem um filho atípico sente-se muito solitário, pois são batalhas diárias para que ele tenha o melhor, tenha acesso a escola e tratamentos, é ser mãe em tempo integral. Dessa necessidade de acolhimento, principalmente, surgiu a entidade”, conta Marivone, mãe de Daniel, autista, que hoje tem 14 anos.
Sede própria
Cada mãe trava sua batalha, muitas vezes sozinha com o diagnóstico do filho, por isso a importância de haver um local especializado. “Hoje todos os tratamentos são feitos em Encantado ou outros municípios. Mas essa viagem muitas vezes é desgastante para alguém dentro do espectro ou outra comorbidade, pois eles têm sensibilidades diferentes as viagens. Mas em uma dessas viagens, na sala de espera, nós fomos nos conhecendo, dividindo nossas histórias, nossa experiência e percebemos a necessidade de um local dentro de Anta Gorda”, conta a presidente.
Com isso, surgiu um projeto de Lei do Executivo, aprovado pelo Legislativo que concede repasse de aluguel para uma sede para a entidade.
“Esse é o primeiro passo, a Ágape tem apenas um ano de registro, mas já conseguimos o pagamento do nosso aluguel. Uma sala que aos poucos será equipada para o atendimento de nossas crianças e jovens com necessidades. Essa é uma jornada longa, mas estamos caminhando um passo por vez, de mãos dadas, traçando planos, buscando por recursos. Um dia teremos em Anta Gorda um centro de atendimento a pessoas atípicas, e tudo vai ter iniciado com o nosso amor de mãe, vai ter iniciado na Ágape”, fala Marivone.
Cada história é única
O que faz ser tão especial o trabalho dessas mães e voluntários é que cada uma carrega sua história de luta, superação e muito amor. “Deus nos dá exatamente aquilo que precisamos, não apenas o que queremos, e eu não me imagino de outra forma, sendo mãe de uma outra criança, que não seja o Dani, assim, como todas as mães que se juntam na Ágape”.
“Receber o diagnóstico é um choque, mas adaptamos nossa vida a eles, para proporcionar o melhor. É muito difícil e na maioria das vezes pelas pessoas ao entorno que não compreendem a situação, mas aos poucos isso vai mudando”, fala Adriana, a mãe da Manu, de 15 anos, diagnosticada há três com autismo.
Priscila, mãe de Ester, que infelizmente fez sua passagem em 2024, já teve participação em outras entidades, quando morava no estado de São Paulo, e mesmo após a perda da filha, não deixa de auxiliar o grupo com sua experiência. “Eu faço pela Ester, tudo na minha vida foi feito por ela e eu nunca vou deixar de lutar por ela. Anta Gorda precisa desse centro de atendimento, e nós vamos conseguir, por que somos a Ágape, o amor incondicional”, declara.
A associação Ágape e a Liga de Combate ao Câncer, por meio do vereador Robledo Andreolli, foram contempladas com uma emenda, para compra de móveis e equipamentos para a sede, e associação também foi contemplada com o Fundo Social da Cooperativa Sicredi Região dos Vales. “Vamos ir trilhando nosso caminho aos poucos, passo a passo, pois o mais importante são os nossos filhos”, finaliza a presidente.
A sala onde será a sede da entidade está passando por reformas e logo será entregue para uso.