Essa matéria é exclusiva para assinantes do jornal digital.

Já sou assinante do jornal digital!

InícioMunicípiosAnta GordaDesaparecimento de Jacir Potrich completa três anos

Desaparecimento de Jacir Potrich completa três anos

Família ainda busca por respostas para o mistério que abalou a população

Uma angústia que já dura três anos. A família do gerente bancário Jacir Potrich, de Anta Gorda, que desapareceu em 13 de novembro de 2018, ainda tenta entender o que aconteceu e ainda espera por respostas. O caso mobilizou a região, Estado e País, e mesmo com a forte atuação da Polícia Civil, do Ministério Público e do Judiciário para desvendar o mistério, até o momento, nada foi esclarecido.

Promotor André Prediger, ao lado da esposa Adriane e do filho Vinicius, deu uma coletiva de imprensa após oferecer denúncia

 Relembre o caso

Jacir Potrich, com 55 anos na época, desapareceu no início da noite de 13 novembro de 2018. Ele havia retornado de uma pescaria e limpou os peixes na parte dos fundos da casa, mas não terminou de arrumar a área. A chave da casa e o celular de Potrich também sumiram. O carro do gerente ficou estacionado na garagem. As câmeras de segurança do condomínio onde reside registraram o gerente chegando da pescaria, contudo não mostram qualquer saída dele.

Quem percebeu o sumiço do gerente foi um sobrinho que morava na mesma casa que o gerente e a esposa, Adriane Potrich. Assim que chegou na residência, por volta das 20h37min do dia 13 de novembro de 2018, viu que o tio não estava e entrou em contato a mulher do gerente, que estava em Passo Fundo, na casa do filho do casal, Vinicius. Adriane disse que ele deveria estar pescando, já que era uma prática comum de Potrich. Contudo, na manhã seguinte Potrich ainda não havia retornado.

A família chegou a oferecer até uma recompensa de R$ 50 mil para uma informação concreta sobre o paradeiro do gerente, mas não obteve êxito. As buscas inicialmente foram concentradas em um açude da região, que inclusive, foi esvaziado. Mas no local a polícia não encontrou nenhuma pista de Potrich. Policiais civis e militares, bombeiros e cães farejadores também auxiliaram nas buscas, que no decorrer dos dias se estenderam por diversos locais.

Um vizinho de Potrich foi apontado como o principal suspeito pelo desaparecimento após imagens mostrarem o suspeito mexendo nas câmeras de segurança do condomínio onde ambos moravam, e caminhando sobre o telhado de sua casa. A acusação entendia que ele teria alterado os equipamentos para não ser flagrado transportando o corpo. Ele afirmou, no entanto, que estava limpando as câmeras.

A Polícia Civil e o Ministério Público acusaram o vizinho de ter matado o gerente estrangulado dentro do quiosque e escondido o corpo. O crime, ao entender da polícia, teria sido cometido em razão de uma desavença entre os dois.

Após uma série de acusações/denúncias e investigações, no mês de maio de 2020, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) confirmou a decisão de encerrar a ação contra o principal suspeito pelo sumiço de Potrich, o qual, chegou a ser preso em duas ocasiões. De acordo com a decisão do STJ, não haviam provas suficientes para que o processo fosse mantido contra o acusado. Agora, a Polícia Civil e o Ministério Público aguardam novas provas para reabrir o caso e as investigações.

 

“Eu acredito na justiça dos homens, mas desde que tenha a colaboração dos homens”

A esposa Adriane destaca que acredita na justiça

A esposa de Potrich, Adriane, conta como tem sido a adaptação da família após o desaparecimento do bancário. “Inicialmente, é claro, foi tudo mais difícil do que é hoje. Com o apoio dos amigos e a ajuda de Deus, temos procurado manter nossa fé e nossos pensamentos bastante elevados. Hoje posso dizer que eu, o Vinicius (filho) e a Samara (nora), estamos um pouco mais tranquilos e temos procurado sempre nos apoiar um ao outro, principalmente quando a tristeza, a saudade e revolta batem”, disse.

Adriane destaca que a família é extremamente religiosa. “E por isso sabemos que estamos aqui de passagem. A passagem do Jacir aqui na terra terminou. Não foi de uma forma normal, mas ele cumpriu sua missão. Para mim isso está claro. No tempo que ele viveu conosco foi uma pessoa do bem, muito caridosa, muito humilde, muito presente na vida da família e da comunidade”, destaca.

“Ele era o porto seguro da família e é obvio que sentimos falta dele e desse apoio. Sempre tomávamos decisões em conjunto e hoje quem tem que bater o martelo e tomar as atitudes sou eu, mas sinto que o Jacir tem nos iluminado muito, afinal, quem não tiver a espiritualidade elevada não consegue viver, não consegue deixar ninguém viver, correndo o risco ainda de fazer alguma bobagem”, acrescenta.

Adriane afirma que seu principal desejo é que o caso tenha um desfecho. “Queremos poder dar um enterro digno para o Jacir, pois ele merece, e tudo o que eu puder fazer para que ele seja lembrado e para que possamos ter um desfecho dentro da lei, eu vou fazer. Eu acredito na justiça dos homens, mas desde que tenha a colaboração dos homens. Falo isso em forma de apelo, para que se alguém, em algum momento, lembrar de algum detalhe que possa auxiliar na investigação, para que não fique com medo. Se não tiver coragem de chegar até nós da família, que conte para as autoridades policiais”, pede.

“Também creio na justiça divina. Acredito que aquilo que se faz aqui, aqui se paga. Penso que em algum momento, a consciência de quem fez isso com o Jacir, vai pesar, vai falar mais alto e vai se abrir para contar a verdade. Se a pessoa ou as pessoas que fizeram isso com meu esposo forem presas ou não, para mim não vai mudar nada porque ele não vai voltar. Eu só gostaria de saber o que de fato aconteceu, localizar o corpo e dar a ele o destino correto. Nós somos cristãos e gostaríamos de prestar essa homenagem final a ele”, enfatizou ao encerrar: “Hoje, após três anos, eu estou com certeza mais fortalecida, com meus pensamentos no lugar e confiante de que um dia a verdade vai aparecer”, pontuou.

 

“O atestado de óbito do Jacir vai ser a declaração de ausência dele”

Advogado da família Potrich, Alvoir Leandro Araújo

O advogado da família Potrich, Alvoir Leandro Araújo, explica como está o andamento da situação legal perante à justiça, envolvendo o bancário. “A lei criou um instituto denominado Ausência. Quando uma pessoa desaparece, como é o caso do Jacir, a lei declara que ele é uma pessoa ausente”, inicia.

“Nós entramos com um processo cível relatando o desaparecimento do Jacir, provamos isso, juntamos cópias do inquérito policial e mostramos toda a situação para o juiz, que declarou a ausência do bancário. Então a esposa, Adriane, tornou-se curadora dele, passando a representar seus interesses, pois ele, como pessoa natural, deixou direitos e obrigações”, relata.

Araújo enfatiza que o pedido Ausência foi acatado pelo juiz. “A justiça, então, vem publicando editais, de dois em dois meses no Diário Oficial, dizendo que está sendo pretendida a declaração de ausência do Jacir. Porém, a declaração de ausência e a publicação desses editais tem a duração de apenas um ano. Encerrado esse período, vem a próxima fase que é o inventário provisório, onde o juiz vai arrecadar os bens do Jacir e partir daí vai fazer uma espécie de morte presumida”, explica. “O atestado de óbito do Jacir vai ser a decretação, por sentença, da Ausência no termo legal. Com base nisso será possível resolver ao menos a situação civil dele”, encerrou.

Deixe uma resposta

Digite seu comentário
Por favor, informe seu nome

SIGA-NOS

42,064FãsCurtir
23,600SeguidoresSeguir
1,140InscritosInscrever

ÚLTIMAS