Essa matéria é exclusiva para assinantes do jornal digital.

Já sou assinante do jornal digital!

Editorial

O chimarrão precisa cumprir a sua missão

 

Neste próximo domingo comemoramos o Dia do Chimarrão, 24 de abril. Talvez para algumas pessoas a data passe batida, para outros, que olham superficialmente podem considerar que é só mais uma data, mas para nós que fazemos parte de uma cadeia produtiva e que, direta ou indiretamente, dependemos do chimarrão para viver, a data é muito importante e pede sim um momento de atenção e reflexão.

Há mais de 20 anos o Eco Regional se dedica a registrar os fatos e acontecimentos que englobam a cadeia produtiva da erva-mate, e há uma coisa que não mudou muito neste período.

Os ervais se expandiram exponencialmente, vale a pena circular pela região e se encantar com a imensidão dos ervais que emendam-se entre as propriedades. Além dos ervais, as indústrias também brotam entre os ervais e muitos novos empreendedores têm surgido. Porém, uma coisa segue do mesmo jeito…

Apesar de o chimarrão ser um grande símbolo de união e amizade, as pessoas que integram o setor têm dificuldades de dialogar, de entender-se, de confiar uns nos outros e o clima é sempre de revanchismo, desunião e conflito.

Todos estão reclamando que o preço está muito baixo, mas em função da falta de união e de uma política coletiva, todos têm dificuldades de repassar os custos. A lei que impera é a “do quem pode mais chora menos”, onde cada um faz por si, não importa o outro ou o que vai acontecer no futuro.

Todos brigam para conquistar mais espaço no mercado interno, que é cada vez mais limitado e disputado, mas não conseguem olhar juntos para as oportunidades que o mundo oferece.

As entidades que representam o setor seguem enfraquecidas e ou tomadas por quem tem interesses menores e particulares. Os eventos, as ações a nível mundial e até a nível de Brasil seguem acontecendo, mas a erva-mate não está lá sendo divulgada e promovida como deveria. As oportunidades estão sendo perdidas.

Os avanços tecnológicos existem em todas as áreas, mas pouco são aplicados no setor em função da falta de estímulo. Pouco se pesquisa e se desenvolve sobre erva-mate, apesar das possibilidades que existem.

Perdemos muito tempo discutindo, falando, brigando, fazendo reuniões para boicotar uns aos outros. Desperdiçamos energias importantíssimas que se bem canalizadas gerariam um resultado magnífico e elevariam exponencialmente a condição econômica da região.

Afinal, no dia 24 de abril temos sim muito a comemorar. Temos em primeiro lugar que agradecer a Deus e a mãe natureza por ter contemplado esta região com o privilégio da erva-mate, uma planta forte, resistente, que apesar das adversidades do clima, segue entregando o que tem de melhor a nós. E há pesquisas que comprovam que quanto mais adverso for o clima, melhor é a qualidade da erva-mate em termos de teor antioxidante.

Temos o chimarrão e o hábito de tomar chimarrão, que é extremamente saudável, proporciona inúmeros benefícios à saúde física e mental, afinal, o diálogo, a conversa franca, olho no olho em uma roda de mate são remédios poderosos para curar muitos males. Cura o coração e a alma e tem a possibilidade de gerar soluções para tudo aquilo que nos aflige.

Quando percebemos que não estamos sós, que podemos contar com o outro ou ser a segurança do outro nos sentimos mais seguros e fortalecidos. O chimarrão precisa cumprir a sua missão, precisamos superar o individualismo e compreender que há sim um mundo de oportunidades a conquistar e há espaço no mercado para todos, além de muitas outras possibilidades. Mas o mais importante é que possamos aceitar a possibilidade de que podemos viver de forma mais leve, sem tanto rancor, tanta rivalidade, com mais fraternidade e parceria.

Deixe uma resposta

Digite seu comentário
Por favor, informe seu nome

SIGA-NOS

42,064FãsCurtir
23,600SeguidoresSeguir
1,140InscritosInscrever

ÚLTIMAS