Por Fabiana Borelli
A idosa Alda R. Spezia Goldoni completou 94 anos na quinta-feira, 14 de abril. Ela reside em Ilópolis e é um exemplo de longevidade, lucidez, fé e amor ao próximo.
Alda é filha de Dante e Maria Terezinha Spezia, e tem dez irmãos, três deles ainda vivos, Mafalda, Terezinha e Egídio. Ela conta que os irmãos gostam de se reunir, mas que com a pandemia os encontros são mais raros.
Desde jovem Alda sempre gostou de participar da vida da comunidade, trabalhando como catequista. “Nunca fui muito de festa, nos domingos só saia para passear com as amigas. Nos reuníamos na igreja com a juventude e junto com o padre e com as demais catequistas”, conta.
Quando criança e depois na juventude Alda cuidava da casa e dos irmãos para ajudar os pais, que trabalhavam na roça. “Na roça eu não trabalhei muito, meus pais iam na roça e eu ficava em casa fazendo os trabalhos domésticos, cuidando das crianças e fazendo a comida”.
A família
Alda se casou aos 23 anos com Arlindo Goldoni, que era seu vizinho, e com quem teve três filhos Maria Izabel, Antonio Carlos e Rogério, sendo que os homens moram em Porto Alegre. Ele tem ainda seis netos e oito bisnetos.
Ela conta que sempre cuidou dos filhos, ensinando a eles os valores para serem boas pessoas. “Eu sempre passei a eles que temos que ser boas pessoas, e ajudar o próximo, e principalmente seguir os ensinamentos de Deus”.
Costura e bolos
A idosa conta que sempre trabalhou para ajudar no orçamento da casa. “Antes de fazer bolos eu trabalhava com costura, fazia sacos para armazenar a erva-mate, chegava fazer encomendas de dois mil sacos, e os meus filhos me ajudavam dobrando-os, também fazia costura para fora e reformas de roupas”.
Após um tempo uma vizinha ensinou Alda a fazer bolos e doces, atividade que fez durante muitos anos. “Eu aprendi a fazer bolos e doces com uma vizinha, mas eu sempre ia inventando coisas novas. Fiz bolos por muitos anos, mas há dez anos eu não faço mais, porque o médico pediu para que parasse. Eu adorava fazer os bolos, as vezes passava a noite fazendo, a mesa ficava cheia, tinha dias que fazia de 15 a 25 bolos, inclusive de bolos casamento. Fazia inclusive as rosas e enfeites era eu quem fazia, tudo a base de açúcar, usando moldes de cartolina”.
Ela conta emocionada: “Uma senhora de Arvorezinha me falou há pouco tempo que não esquece um bolo que eu fiz para ela que tinha um lago, patinhos dentro do lago e casinhas, e cerquinhas, que eu fiz com palitos de picolé e colei com glacê. Hoje a minha filha Maria Izabel também gosta de fazer doces, mas não faz para vender, apenas para a família”.
Longevidade
A filha de Alda conta que a rotina da mãe é muito regrada e que ela continua fazendo os trabalhos manuais. “Ela acorda por volta de 9h, toma café e em seguida começa os seus trabalhos com crivo, crochê e macramê. Ela tem uma ótima saúde, toma apenas remédios para a pressão e para afinar o sangue, só ficou internada duas vezes, uma com brônquio pneumonia e quando teve uma isquemia”.
A artesã afirma que nunca pensou que iria chegar a essa idade, mas que fica feliz em chegar aos 94 anos com saúde, com a memória muito boa, e conta rindo: “Uma vez uma cigana me disse que eu iria morrer com 20 anos, então no dia que fiz 20 anos estava em casa sozinha com meus irmãos e arrumei a casa, fiz comida, dei banho neles, e deixei tudo preparado porque iria morrer. Minha mãe quando chegou perguntou o que estava acontecendo e eu respondi que era o dia que eu iria morrer, então ela ficou brava por eu acreditar nisso, mas ela estava certa, e eu ainda estou aqui”.
Ela conta o seu segredo para chegar a essa idade tão bem. “Em primeiro lugar estar de bem com a vida e ficar de bem com todos, não odiar ninguém, e saber perdoar aos que nos magoam ou ofendem. Só perdoando somos perdoados, até porque Deus nos perdoa a toda hora”.
Ela completa: “Eu sempre procurei ajudar a quem precisava, sempre reparti o pão, e nunca me faltou nada. Penso que por isso estou bem mesmo com 94 anos”.
Atividades que gosta
Alda mora com a filha Maria Izabel, e conta o que gosta de fazer durante o seu dia. “Quem comanda a casa é a minha filha, eu fico aqui tranquila. Gosto muito de ler o jornal, leio o Eco Regional inteiro todas as semanas. Sempre gostei muito de ler, e graças a Deus não tenho problemas de visão”.
Ela finaliza: “Eu gosto de comer de tudo, e adoro chocolate, não tenho diabetes, colesterol nada. A única coisa que não faço é tomar bebida alcoólica, até gostava de tomar uma taça de vinho, mas por causa dos remédios parei. Estando com Deus sempre estaremos bem, mesmo que hoje eu esteja com uma dor, amanhã vou estar bem. Não podemos pensar negativo, nossos pensamentos tem que ser positivos”.