Ser pai é um desafio e quando se tem um filho especial esse desafio é ainda maior, mas com amor e aceitação tudo se torna mais fácil
A espera de um filho gera muita expectativa, como a criança vai ser, se vai parecer com o pai ou com a mãe. Os pais, na grande maioria, têm a expectativa que seja menino, para ser seu companheiro. Mas, como é para um pai receber um diagnóstico de que seu filho é portador do Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Para alguns pais pode ser encarado como algo ruim, mas para o itapuquense Doralicio Scorsatto o fato não é encarado dessa maneira. “Deus nos escolhe para ser pai de um filho especial, para que possamos fazer a nossa parte. Eu como pai de uma criança especial me sinto agradecido a Deus e aos amigos pelo apoio, e também ao Eco Regional que nos dá oportunidade de contar o nosso exemplo”.
Scorssatto é pai do jovem Cristiano Scorssatto, de 36 anos, diagnosticado com TEA. Ele afirma que ter um filho especial é um aprendizado, e que ele procura passar esse aprendizado para outros pais que passam pela mesma situação. “Eu aprendi muito com o meu filho, e essa lição que eu aprendi eu procuro passar para outros pais que tem um filho assim. Oriento para que eles façam o que puderem para os seus filhos, que lutem por eles, e que aceitem como ele é. Tem uma frase na Apae, em Passo Fundo, que diz que Deus escolhe o casal para receber essas pessoas especiais”.
Ter um filho autista impõe muitos desafios, mas Scorsatto salienta que criar filhos é um desafio, independentemente de ser ou não especial. “Eu tenho o Cristiano e quero muito bem a ele, e o que mais me anima é o apoio dos médicos, dos amigos. Porque as vezes enfrentamos dificuldades. Mas, não é apenas os pais com filhos especiais que enfrentam dificuldades. Uma vez ouvi de uma mãe que estava com problemas com o filho, dependente químico, o que ela enfrentava, inclusive estava no médico para pedir um atestado para que o filho pudesse ser internado. Então, meu filho tem autismo, mas não tem maldade no coração e nem problemas com drogas, isso eu agradeço todos os dias”.
A descoberta do autismo
No caso de Cristiano, a descoberta veio após muita investigação e consultas com vários médicos. “Na época que o Cristiano nasceu a medicina não era avançada como hoje, víamos que ele tinha problema, mas só fomos descobrir que ele tinha autismo quando ele tinha dois anos e meio, pois não há exame que comprove o autismo, somente testes, e no caso dele foi descoberto na Apae de Passo Fundo”.
Segundo o pai, receber o diagnóstico foi muito difícil, mas que com o tempo o medo foi superado. “Quando recebemos o diagnóstico nos desesperamos, viemos embora chorando, perdemos o chão. Mas, hoje me sinto feliz em ter um filho assim. Já gravei três CDs e doei os recursos para a Apae, ele não canta, mas faz parte do projeto, ele gosta da música. Vivemos uma vida muito feliz, claro que não é fácil, mas Deus nos dá somente o que podemos viver e enfrentar, e com muito amor e aceitação tudo fica mais fácil, mais leve. Não posso deixar de destacar a luta da minha esposa Marines, que foi uma guerreira nesses anos todos de cuidado com o nosso filho”.
Agradecimento
Muitas famílias se sentem desamparadas e sem apoio. Scorsatto ressalta a importância do apoio dos amigos e das autoridades para poder ajudar os filhos especiais. “Agradeço a oportunidade que o Eco nos deu para contar a nossa história, quem sabe quantas família podem ser ajudadas a entender e seguir em frente quando receberem um diagnóstico que diz que vão ter um filho especial. A informação nesses casos é muito importante, gostaria muito que a sociedade e os administradores incentivassem e ajudassem as famílias que têm filhos especiais”.
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O TEA afeta o sistema nervoso, e o alcance e a gravidade dos sintomas podem variar amplamente. Os sintomas mais comuns incluem dificuldade de comunicação, dificuldade com interações sociais, interesses obsessivos e comportamentos repetitivos.
O reconhecimento precoce, assim como as terapias comportamentais, educacionais e familiares podem reduzir os sintomas, além de oferecer um pilar de apoio ao desenvolvimento e à aprendizagem.
O autismo é considerado espectro, pois cada sujeito apresenta inúmeros sinais e sintomas, com diferentes níveis de gravidade.
Os tipos existentes de autismo são:
– Síndrome de Asperger;
– Transtorno Invasivo do Desenvolvimento;
– Transtorno Autista;
– Transtorno Desintegrativo da Infância.
O autismo tem ainda diferentes níveis, como o nível um (leve), nível dois (médio) e nível três (grave).
O autismo pode estar associado a outras doenças como comorbidades, sendo as mais comuns TDAH hiperatividade, transtornos psiquiátricos, cefaleias, distúrbios do sono, síndromes genéticas, encefalopatias e paralisias cerebrais.