Natural de Anta Gorda, Ana Mônica Lourenzi perdeu o marido e um dos filhos com a enchente da última semana
Por: Cibel de Oliveira
A antagordense natural da Linha Quarta, Ana Mônica Lourenzi, vivencia um drama familiar após a tragédia das fortes chuvas que caíram no Vale do Taquari na última semana, resultando em milhares de pessoas desabrigadas e mais de 45 mortos. Atualmente ela residia em Muçum com o esposo Danilo e os filhos Everton e Vagner.
Dor. É isso que se vê olhando nos olhos de Ana Mônica que, além de ter sua residência invadida pela água, perdeu o esposo e um dos filhos. Com voz trêmula, ela relata a noite da tragédia que comoveu o Brasil. “Fui na farmácia pela parte da tarde e vi pessoas que sempre têm suas casas atingidas pela elevação do nível do rio carregando seus pertences, mas não me preocupei porque minha casa nunca tinha sido atingida e ninguém nos avisou sobre nada disso”, conta.
“Ocorre que chegou num momento que a água começou a subir muito rápido e se aproximar da nossa casa. Foi então que eu, meu esposo e nossos dois filhos fomos para a casa de um amigo que ficava há cerca de cem metros da nossa residência, achando que lá estaríamos seguros, até porque a casa tem dois andares”, conta. Porém, a água atingiu todo o primeiro andar da casa e também o segundo.
“A água vinha com muita velocidade e as pessoas gritavam por socorro. Foi terrível.”
Os dois filhos de Ana Mônica e Danilo são portadores de deficiência. Everton, de 39 anos, nasceu com paralisia cerebral. “Coloquei ele deitado em uma cama box e como a água estava subindo muito, nós o levamos para um outro quarto onde o colchão era mais alto e flutuava. Eu fiquei três horas de joelhos segurando-o. A água vinha com muita velocidade e as pessoas gritavam por socorro. Foi terrível”, lembra.
Já Vagner, de 43 anos, havia sofrido um acidente há 16 anos em Doutor Ricardo, ficando na cadeira de rodas. Ele e o pai Danilo vieram a óbito na noite da enchente. O velório coletivo das vítimas da enchente ocorreu no sábado, em Vespasiano Correa, com uma cerimônia emocionante.
Logo no amanhecer do dia, Ana Mônica precisou encontrar forças. “Lá pelas 5h da manhã olhei na parede e vi que a água ia descendo aos poucos. Iluminava com uma lanterna que tinha sido comprada na tarde anterior, se não, tínhamos ficado no escuro. Quando voltei na minha casa tinha geladeira em cima da mesa, cadeiras no banheiro, era um cenário horrível e quanto mais limpávamos o barro, mais aparecia. Perdi todos os meus móveis e eletrodomésticos, somente algumas roupas consegui salvar”, declarou.
Segundo Ana Mônica, a casa em Muçum será reformada e alugada. “Vou voltar a fixar moradia em Anta Gorda e tentar refazer minha vida junto ao meu filho Everton”, encerra ela.