O benzimento foi, e ainda é, em muitos lugares, uma prática de cura bastante procurada pelas pessoas. Essa atividade religiosa antiga envolve saberes populares transmitidos de geração a geração.
Na família Bernardon, de Itapuca/Anta Gorda, foi isso que ocorreu. Jorge Bernardon, hoje, com 77 anos herdou o dom de seu avô que veio da Itália. “Ele ensinou meu pai que repassou para minha irmã, e ela repassou os conhecimentos para mim. Já são 40 anos que faço benzimentos para torcedura, íngua, hemorragia, benzo animais, enfim. Tenho uma caderneta com os nomes das pessoas que já benzi, sendo elas de Arvorezinha, Ilópolis, Serafina e outros municípios da região, e também de São Paulo e Paraná”, relata ele.
Ele destaca que benze com alegria, fé e faz de coração para ajudar as pessoas. “Esse é o segredo. Além do mais, sempre peço ajuda e proteção a São Jorge. Quando as pessoas me falam que consegui ajudar e elas melhoraram, fico muito contente”, revela, ao contar que já tem sucessores. “Ensinei a minha filha Janete, que mora em Ilópolis e tem um morador de Arvorezinha que também quer vir aprender. Quero que isso tenha continuidade”, frisou.
A esposa, Dorilde Bernardon, recorda alguns benzimentos feitos por ele. “Um rapaz de 16 anos veio visitar seu tio e disse que iria mandar tirar todas as verrugas. Ele tinha muitas, em todo o corpo. Aí indicaram meu esposo. Benzemos com óleo de pessegueiro, e depois, ele mandou nos dizer que não tinha mais nada de verrugas”, destaca e segue: “Teve outro rapaz de Guaporé que estava para fazer cirurgia das ínguas, veio se benzer e ficou bem, mas depois começou escorrer o nariz e ele precisava usar algodão para trabalhar. Então, ele voltou aqui e pediu que meu esposo fizesse um remédio para curá-lo da alergia. Meu esposo disse para ele fazer uma reza por uns dois ou três dias para São Jorge e passou a receita de um chá. Um tempo depois ele ligou dizendo que tinha melhorado e agradecendo”, finaliza.
