Atrasados
Enquanto São Mateus no Paraná e o Planalto Norte Catarinense já estão com suas Denominação de Origem para erva-mate concedidas INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) em mãos, nós seguimos só no discurso. Eles estão trabalhando de forma célere para melhorar os processos, defender a qualidade dos seus ervais, melhorar as práticas de manejo, agregar valor e diferenciar seus produtos. E nós?
A Região Alta do Vale do Taquari é o maior Polo Ervateiro do Estado, com a maior área de erva-mate e concentra o maior número de indústrias ervateiras do Estado, nos orgulhamos pela qualidade da erva-mate produzida aqui, mas não nos unimos para conquistar a Indicação Geográfica.
O mundo todo está correndo, buscando desenvolvimento e se preparar para enfrentar a crise mundial que se aproxima e ameaça a todos, e nós?
Encantado está trabalhando, projetando o futuro, discutindo com a comunidade ações de desenvolvimento, e nós?
Erva-mate, além de servir para fazer o chimarrão, pode servir para muitas outras coisas, inclusive para atrair turistas interessados em curtir a beleza dos ervais, conhecer o processo de produção, degustar o sabor, conhecer as propriedades medicinais e terapêuticas da erva-mate, além, é claro, de conhecer os hábitos e costumes da região.
A região alta tem um grande produto turístico e econômico nas mãos, mas é preciso acreditar. É preciso investir, plantar erva-mate muito além das lavouras, nas ruas, beiras de estradas, praças e locais públicos. Investir na formação da mão de obra, no desenvolvimento da economia criativa e mais do que nunca, na pesquisa. Só assim, se faz desenvolvimento.
É preciso mobilização, é preciso tirar a bunda da cadeira e parar de achar que nada dá para ser feito. Tem muito a ser feito. E está na hora de a região alta mostrar o seu valor.
Não é possível que enquanto os outros estados já ostentam o título de Indicação Geográfica, nós só tenhamos em mãos para apresentar o título de atrasados.
Atrasados porque não trabalhamos em prol do nosso próprio desenvolvimento, não enxergamos um palmo a frente do nariz e não lutamos pelo nosso espaço e reconhecimento. Preferimos viver no desvio, na promessa, na bodega, fazendo fofoca com a vizinha ao invés de arregaçar as mangas e trabalhar.
Se nós não ocuparmos o nosso lugar, outros virão e ocuparão. Paraná e Santa Catarina estão aí, demostrando que não tem tempo a perder.