Mãe, corajosa e trabalhadora. Assim pode ser definida a paraguaia Miriam Elizabeth Aguiar Gonzalez que há dez anos deixou sua terra natal, Cidade Del Leste, no Paraguai, para buscar meios de sobrevivência no Brasil.
Sua trajetória iniciou em Serafina Corrêa, onde atuou por três anos. Após, ela, o esposo e os filhos mudaram-se para Anta Gorda com o intuito de trabalhar em um moinho, mas em razão da ausência de documentos, não foi possível. “Meu marido começou então a trabalhar com lenha, ele queria que eu o acompanhasse, mas achava uma atividade bastante pesada, então, optei pela erva-mate. Ele também é paraguaio e acabou indo embora para o Paraguai um tempo depois”, conta ela, que é mãe de quatro filhos com idades de 15, 13, sete e cinco anos.
Atualmente Miriam reside com os filhos no distrito de Itapuca, onde fixou residência. “Hoje eu sou diarista no ramo da erva-mate e trabalho em uma ervateira. Também faço comida, lavo roupa e o que mais tem que fazer na minha casa, além, é claro, de cuidar dos meus filhos que pela manhã frequentam a escola. Gostamos de morar aqui porque tem pessoas que gostam de nos ajudar, embora sejamos de longe. Já nos ajudaram com roupa, comida, enfim, eu não posso me queixar. A Flora Granville, por exemplo, nunca nos cobrou aluguel, luz ou água no período que moramos com ela. Sua bondade é tanta que há cerca de um ano nos doou um terreno para que pudéssemos construir nossa casa”, ressaltou agradecida.
Sobre sua adaptação no Brasil, ela responde: “Quando viemos morar para cá não sabíamos falar e não entendíamos o português, porém, com o passar do tempo aprendi e atualmente não consigo mais nem falar com as crianças em guarani, é tudo em português”, relata. Já em relação ao trabalho, Miriam declara que desde pequena trabalha na roça. “Minha família sempre trabalhou na roça, porém lá onde eu morava não tem muito trabalho pelo fato de ser tudo muito mecanizado atualmente. Eu não tenho estudo e agradeço minha mãe que me ensinou a trabalhar”, frisou.
Outra peculiaridade revelada pela paraguaia é a paixão pelo futebol. “Eu sou alegre, fanática pelo Grêmio e a partir deste mês vamos começar a ter acesso à internet e vou poder assistir os jogos em casa”, comemora. “Também gosto de jogar futebol. Vou para Ilópolis nas quintas-feiras jogar”, pontua.
A documentação para poder permanecer no Brasil de forma definitiva também está quase concluída. “Demorei para fazer os documentos e enquanto isso, tinha que ir até Santa Cruz do Sul me apresentar uma vez ao ano e pagar uma taxa. Agora terei meus documentos definitivos, afinal, a ideia é não voltar mais ao Paraguai. Aqui sou assistida pelo Município, meus filhos estão estudando, sempre tenho trabalho e recebo cerca de R$ 140 por dia, além de o povo ser muito solidário”, encerrou.