Oficina compartilha conhecimento e agrega valor à planta
Por Manoela Alves
Árvore tropical da mesma família do mamoeiro, que, ao ter o caule ralado, dá origem a vários produtos, o jaracatiá teve seu dia de estrela na segunda-feira, dia 10, no Clube Comercial de Arvorezinha.
Uma oficina dedicada a preparar alimentos à base da planta foi oferecida pela Secretaria da Cultura e do Turismo, com o apoio da Administração Municipal. A oficineira foi Ludmila Galon, conhecida em toda a região pelo seu trabalho na culinária. “Estamos construindo juntos as receitas para aproveitar e divulgar essa planta típica da região; o doce de jaracatiá é típico de Arvorezinha. Hoje, fizemos receitas doces e salgadas como bolinho, carreteiro, barras de cereais, doce bem-casado, geleias, entre outros”, explicou.
Com o caule da planta, pode se usar cenoura, limão, mirtilo, pimentão, abacaxi, entre outros. Ludmila segue enumerando as suas qualidades. “É uma planta não convencional, muito versátil porque podemos agregar o sabor que se quiser”. Essa versatilidade permite juntar, em uma das receitas, o jaracatiá com a erva-mate, outro símbolo da região.
O projeto prevê mais cinco encontros, quando serão criadas e testadas outras receitas; ao final, será lançado um livro onde cada participante colocará sua receita.
A Emater, através da extensionista Rafaela Czermaneski, também esteve na oficina para aprender, como ela revelou. “O jaracatiá faz parte da sabedoria popular que se não levarmos adiante, acabará se perdendo, então essa é a grande importância dessa oficina; é uma cultura que faz parte da história de Arvorezinha e estamos aqui para valorizar e aprender e levar para outras pessoas”.
Carmem Gehlen, doceira muito conhecida e há muito tempo e referência quando o assunto é jaracatiá, fala com admiração e emoção sobre a planta. “Para Arvorezinha, o jaracatiá é mais que um doce, ele é uma identidade, é a raiz da nossa culinária; esse fazer cultural permite que ele seja usado não só em pratos doces, mas também em pratos salgados. Está sendo uma experiência muito interessante”, destaca, completando, como uma grande entusiasta do jaracatiá: “É a planta do futuro, a qual todos podem plantar, ter em seu quintal. Eu acredito no jaracatiá, resgatei esse fazer, que já estava um pouco esquecido; vai ser a árvore símbolo de Arvorezinha”.
O secretário de Cultura e Turismo, Olvir Fadani Canton, um dos idealizadores do curso, também acredita muito no futuro do jaracatiá. “Sou um apaixonado por essa planta, como a Carmem. Tem muitos usos dentro da culinária, associados à erva-mate, inclusive”. Canton revela que essa oficina aconteceria dentro da programação da Femate, em setembro, mas que com o cancelamento da festa, foi decidido fazer esse trabalho agora. “No futuro, os produtos dessa planta serão muito apreciados, por isso precisamos pensar no seu plantio para atender a demanda que vai crescer muito, que poderá gerar renda para os agricultores, que podem plantá-la junto com a erva-mate”, explica.
O prefeito Jaime Borsatto esteve no evento e destacou a relevância do jaracatiá para a cultura e economia de Arvorezinha. “Todos os alimentos servidos hoje, aqui, foram à base de jaracatiá, uma árvore símbolo e um produto importante para a nossa economia e cultura: carreteiro, sucos e doces”, destacou. A intenção, segundo o prefeito, é oferecer aos turistas e visitantes, mais um produto típico daqui, transformando o jaracatiá num atrativo turístico.
Também participaram do curso, a nutricionista do Município, Evelini de Pariz Bocardi Battipaglia, e um grupo de cerca de 20 mulheres que prepararam o almoço.
O valor nutricional do jaracatiá está sendo estudado pela Univates, de Lajeado, sendo um estudo pioneiro, que aponta os benefícios e ganhos para a saúde dos consumidores, contidos nos sais minerais, vitaminas e fibras que estão em sua composição.