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Operação Grânulo-Operação que investiga golpes milionários é deflagrada em Anta Gorda

Seis mandados de busca e apreensão foram realizados

Na manhã de sexta-feira, 11 de agosto, uma grande operação policial foi desencadeada no município de Anta Gorda, tendo o apoio de diversas delegacias da 24ª Região.

A delegada Camila Neiva Almino, responsável pela Delegacia de Anta Gorda, concedeu informações detalhadas sobre a operação. “Deflagramos uma operação contra o crime de estelionato. Vários indivíduos vêm praticando esse crime na região, principalmente em Anta Gorda. Eles praticam crime de falsa identidade e se passam por outras pessoas, por representantes de empresas que não existem para praticar o estelionato”, explicou.

Segundo a delegada, os indivíduos têm adquirido grãos de trigo, milho e farelo de soja para aplicar golpes nas vítimas que vendem esses produtos agrícolas. “Uma das vítimas teve um prejuízo de mais de R$ 5 milhões. São valores exorbitantes. Essa operação tem o objetivo principal de produzir mais provas contra esses indivíduos que, com certeza, irão responder pelos crimes cometidos, e trabalharemos ao máximo para que as vítimas tenham recuperado o valor respectivo à venda dos grãos, ou mesmo a matéria-prima”, frisou.

Ela destaca que a investigação ainda está em andamento. “Temos notícias de outras vítimas, somando cerca de dez pessoas lesadas ou até mais. A maioria são de Anta Gorda, uma delas tem empresa em outra cidade, mas soubemos que há vítimas desse mesmo grupo criminoso em outros municípios. Em valores somam-se aproximadamente R$ 15 milhões. Na operação foram seis cumprimentos de mandado de busca e apreensão e em uma das casas conseguimos recuperar aproximadamente R$ 400 mil, valor pertencente à vítima que foi lesada com R$ 5 milhões. Os principais investigados até o momento são três indivíduos de Anta Gorda”, ressalta.

Ainda, na residência de um dos indivíduos que estaria envolvido no estelionato, foi encontrada uma espingarda calibre 12, sem registro, sendo que foi feito o auto de prisão em flagrante. “Ele foi liberado após pagamento de fiança, mas irá responder pelos crimes de posse irregular de arma de fogo e estelionato”, coloca a delegada.

Ela segue avaliando a operação em si. “A operação foi bastante exitosa. Desde que esse fato chegou ao nosso conhecimento já iniciamos as investigações, sendo que apesar dos investigados se passarem por outros indivíduos, conseguimos identificá-los. Nos próximos dias provavelmente teremos mais ocorrências em função destas investigações”, enfatizou.

Questionada sobre o paradeiro dos grãos, a delegada esclarece: “Para onde os grãos são levados ainda estamos investigando. Nas casas dos investigados eles não foram localizados. Os silos, que devem ter tido construção iniciada há uns três anos, estavam vazios, o que demonstra uma possível lavagem de dinheiro”, destaca.

Sobre o fato a delegada encerra: “Toda essa investigação se iniciou com a denúncia de uma das vítimas. Após essa denúncia outras vieram até nós para averiguarmos a situação. Se houverem mais vítimas desse tipo de crime envolvendo grãos, nos reportem independentemente de serem valores pequenos, pois nosso serviço é servir à população. Hoje apreendemos diversos documentos, celulares e cheques que não foram utilizados e somam milhões de reais. Somente a partir da denúncia podemos atuar”, concluiu. Até o momento não houve mandado de prisão expedido pelo Poder Judiciário.

Delegada mostra a arma apreendida na operação

 

“Fui tratado como bandido”

Investigado sobre o crime de estelionato dá sua versão sobre o fato

Produtor de suínos há cerca de 13 anos, Vanderlei Chiamulera viu sua vida virar de cabeça para baixo na última sexta-feira, 11 de agosto, quando a Polícia Civil realizou a operação para investigar o crime de estelionato.

 

“Comprei milho e entrei de gaiato”

Chiamulera é um dos investigados e lamenta muito o fato de a polícia ter associado seu nome com a investigação. Desde meados de 2010, ele administra o empreendimento Suinocultura Bela Vista, situado no município. O negócio se especializa na terminação de suínos, operando em parceria com produtores de diversas cidades da região.

Trata-se de um empreendimento de terminação de suínos que atua em parceria com produtores de toda região, os quais fazem a criação dos leitões. “Trabalhamos com produtores de Nova Alvorada, Encantado, Roca Sales, Arroio do Meio, Colinas, Anta Gorda, Putinga, enfim. Eles fazem a criação, nós recolhemos e mandamos para abate nos frigoríficos. Atualmente temos cerca de 25 famílias integradas da região toda”, frisou.

Hoje, com o sistema de parcerias, Chiamulera aloja cerca de 16 mil suínos. “Já cheguei a alojar 24 mil, mas devido à crise tive que diminuir. Aliás, essa crise nacional no ramo da suinocultura envolvendo produtores e integradores está fazendo grandes empresas fecharem as portas, o que também me afetou. O que me faz continuar a parceria é que os produtores acreditaram em mim, contraíram financiamentos em bancos para a construção dos galpões. Como eu os deixaria na mão? A equipe que trabalha comigo é muito boa e eu não escondo a dificuldade financeira para ninguém. Vejo que atualmente a suinocultura não está mais dando lucro. Não temos expectativas de nada, mas vamos persistir”, declarou ele, que não atua como empresa, mas sim como produtor rural, fornecendo sempre nota fiscal.

Chiamulera se mostrou surpreso pela ação policial na sexta-feira passada. “Fiquei surpreso quando a polícia chegou aqui com o mandado, entrou e pegou o que quis, destacando que me coloquei à disposição. A alegação da polícia é que uma empresa comprou milho e não pagou o produtor que vendeu. Eu comprei milho dessa empresa, tenho as notas fiscais, tenho comprovantes de depósito, mas mesmo assim a polícia suspeita que estou envolvido com essa empresa”, lamenta. “Acredito que essa empresa deu um golpe em alguém, comprou esse milho, me revendeu, eu comprei e paguei por não saber a origem e agora estou sendo incriminado junto nesse estelionato”, alega.

Ele segue: “Comprei esse milho e entrei de gaiato. Desde então, minha vida está um caos. Embora eu não tenha inimizades, as pessoas ficam me questionando. Não esperava passar por isso, pois só o que faço é trabalhar. Vou provar que não estou envolvido”, disse. “Segundo a polícia eu teria adquirido 70 mil sacas de milho, sendo que meu estoque tem capacidade para apenas duas mil sacas. Levaram mil sacas de milho daqui que daria para alimentar os suínos no final de semana. O impacto dessa ação me machucou muito. Fui tratado como bandido”, acrescentou.

No dia da investigação policial encontraram uma arma que é de minha posse, que não tinha documentação, então, tive que pagar fiança para ser liberado”, finaliza.

Chiamulera fez um desabafo e lamentou a situação

 

O Eco Regional tentou contato com as pessoas que estariam sendo acusadas de envolvimento com o caso que está sendo investigado pela polícia, porém, não obteve retorno da maioria dos possíveis envolvidos. O Eco Regional está à disposição para ouvir suas versões.

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