A rica culinária local pode ser mais explorada e precisa estar mais disponível aos visitantes
Por Divanei Mussio
A região alta do Vale do Taquari é conhecida sua hospitalidade e por sua culinária rica em sabores, cores e aromas, que conquista o paladar dos moradores locais e dos turistas, estes, que ano após ano vêm em maior número atrás dos muitos atrativos turísticos: belezas naturais cada vez mais estruturadas, cultura, história e a própria culinária.
Para receber esses turistas, os municípios precisam ter infraestrutura adequada, que inicia, primeiramente, por acomodações na rede hoteleira e restaurantes que atendam a demanda, com qualidade e preço compatível. Para tanto, mão-de-obra é um fator essencial, da qual os empreendedores têm sentido falta.
Em relação a hotéis, o Hotel Roman, de Arvorezinha, de propriedade de Diane Mussio Roman e do filho Cristian Roman, tem buscado ampliar as vagas e oferecer mais conforto aos hóspedes. “Hoje temos capacidade para receber 60 hóspedes por noite e oferecemos café da manhã”, relata, Cristian.
O empreendedor observa aumento contínuo da demanda: “A demanda mensal já apresenta um crescimento significativo, e observamos que, nos últimos meses, a procura tem aumentado constantemente. A expectativa para os próximos anos é ainda mais promissora, uma vez que a cidade está no caminho certo, iniciando os primeiros passos para impulsionar o turismo. Esse avanço é fruto de um esforço coletivo, resultado de um trabalho que envolve muitas mãos e contribuições”, pondera, completando: “Nossa culinária se destaca pela qualidade e pelo carinho com que é preparada, sendo um dos grandes diferenciais da região. No entanto, para fortalecer ainda mais essa experiência única, é essencial a região estar preparada e de portas abertas para acolher aqueles que vem nos visitar”.
Esse crescimento traz, atrelado, a necessidade de avançar na estrutura, principalmente de alimentação. “É importante considerar que, para incentivar os turistas a permanecerem por mais tempo na nossa cidade e voltar, é fundamental oferecer opções de alimentação disponíveis nos mais diversos momentos do dia, e com diversidade de estilos, todos os dias da semana e nos finais de semana” destaca Cristian.
Restaurantes aos domingos
Durante a semana, nas cidades da região, vários estabelecimentos, como restaurantes, padarias e bares estão abertos, mas nos finais de semana, são raros os que abrem, e esses, viram um gargalo que diminui a qualidade do atendimento e aumenta em muito o tempo de espera para poder fazer as refeições. É comum ouvir turistas reclamarem da falta de opção de almoço, principalmente, aos domingos.
“É essencial acreditarmos mais no potencial do turismo como uma poderosa fonte de retorno financeiro, geração de empregos para nossa comunidade. Estamos situados em uma região privilegiada, cercada por paisagens incríveis e atrativos únicos. Além disso, nossa terra é habitada por pessoas trabalhadoras, que possuem um talento especial para acolher e receber bem. Apostar no turismo é investir no futuro da nossa cidade e no desenvolvimento sustentável de todos”.
O Eco Regional fez um levantamento e verificou que em Arvorezinha, apenas o restaurante Fornari, na Linha Gramado, está aberto aos domingos; em Doutor Ricardo, o Restaurante Biolcchi, em Anta Gorda, o Restaurante 2001 e a Parada Toigo, em Itapuca, interior do município. É muito pouco para atender toda uma região turística, que está crescendo muito nesse setor econômico.
Pouco tempo na região
Ana Luisa Cenci Toigo, 19 anos, filha do proprietário da Parada Toigo, Sidnei Toigo, situada no distrito de Itapuca, Anta Gorda, restaurante que recebe muitos turistas e tem no cardápio típico o seu diferencial, revela que o estabelecimento recebe entre 100 e 150 pessoas, por final de semana, também incluindo o café da manhã e da tarde.
O bom atendimento é garantido pela organização da equipe. “Sempre dividimos as turmas por horários, e por ser agendado, tudo ocorre tranquilamente’, conta a jovem empreendedora, que também informa que os clientes vêm de perto e de longe.
A família Toigo percebe a falta de ofertas aos finais de semana e não encara isso como algo que pode beneficiar seu negócio; pelo contrário. “A falta de serviços em geral aos finais de semana é evidente e prejudica a nossa própria região, afinal o cliente que viria para passar o fim de semana não tem onde se hospedar, às vezes, e pouquíssimas opções de restaurantes. Quanto mais opções, mais a região cresce, mais nos desenvolvemos e mais somos vistos de fora. Não há questão de ‘roubar clientes’, cada um tem sua proposta. Quanto mais opções, mais qualidade no serviço e atendimento. Os clientes notam esta falta e acabam por passar pouco tempo na região”, pondera.
Bruna Portalupi, representante do Cânion Perau do Facão, também comenta sobre a questão. “Recebemos inúmeros visitantes, no entanto, a falta de infraestrutura adequada, como restaurantes e hotéis, especialmente aos finais de semana, dificulta o pleno aproveitamento do nosso potencial. Sem esses serviços essenciais, muitos visitantes acabam não permanecendo na cidade por mais tempo. Investir nisso seria um passo estratégico para fortalecer o turismo local”.
Alternativas
Muitos eventos têm sido realizados neste ano com foco nessa questão, visando incentivar o empreendedorismo de modo geral e, especialmente, voltado para o turismo e para o atendimento dos turistas. O Eco Regional promoveu, em outubro, o Seminário Empreender Para Crescer, que abriu horizontes aos empreendedores e ofereceu visões de como empreender aqui.
Uma ideia que tem ganhado força e que já se mostrou eficaz em outros setores do comércio, é estabelecer um rodízio entre os restaurantes das cidades, para que a todo final de semana, existam alguns abertos para atender o público, não só turistas, mas os próprios moradores. Arvorezinha, em especial, pelo seu tamanho e quantidade de atrativos, precisa de mais do que um restaurante aos domingos.