Essa afirmação é da enfermeira Jane Reichimbak, que coordena o ambulatório Covid
Os problemas com a Covid-19 nem sempre se encerram com a cura do vírus. Muitos pacientes começam a sentir o efeito depois que ele já não está mais ativo.
Em Fontoura Xavier, muitos pacientes têm procurado a Unidade de Saúde relatando problemas após a quarentena. A enfermeira Jane Reichimbak conta que o índice de pacientes com sequelas pode ser considerado alto. “Uma em cada seis pessoas que contraem a Covid-19 fica com sequelas, principalmente do trato respiratório, podendo chegar a perca parcial do sistema sensório motor. Esses agravamentos geralmente estão associados a alguma comorbidade que os pacientes já tenham. As inúmeras queixas são de cansaço, dificuldade de respirar, dor nas articulações e perca de apetite”.
As causas para essas sequelas são as mais variadas. Jane afirma que ainda não é possível dizer por quanto tempo elas irão permanecer. “São inúmeras as sequelas que o vírus pode deixar, apesar de muitos estudos focados em respostas assertivas, ainda não é possível garantir o tempo que essas sequelas podem afetar o paciente que contraiu Covid-19, nem tão pouco quanto tempo essas sequelas vão afetar o sistema imunológico de cada pessoa, mas sabe-se que as sequelas podem perdurar em pessoas que não tiveram um quadro grave, igualmente ou semelhante a pessoas que foram hospitalizadas, afetando o sistema cardiovascular, cerebrovascular, renal, intestinal e pulmonar”.
Quanto ao tratamento, a enfermeira explica que depende de caso a caso. “Esses pacientes recebem atendimento multiprofissional, e também suporte técnico, alguns pacientes necessitam de suporte ventilatório não invasivo, uso de oxigênio à domicilio, fisioterapia respiratória, atendimento psicológico, além de toda medicação disponível no Sistema Único de Saúde”.
Ela finaliza: “A equipe de saúde de Fontoura Xavier está mobilizada em atender toda população da melhor forma possível. Ao falar da equipe, pensamos também no bem-estar dos nossos funcionários, que incansavelmente estão na luta contra esse vírus, e devemos valorizar e parabenizar os mesmos”.
Paciente relata dores intensas nas pernas
A paciente Rosimeri Valandro, de 55 anos, moradora do centro de Fontoura Xavier, positivou para a Covid-19 no dia 11 de junho. Ela conta que no início estava bem, mas que com o passar dos dias o quadro foi se agravando. “Logo que positivei eu estava bem, me alimentava normalmente, mas com o passar dos dias fui perdendo o apetite e o paladar. Quando já estava nos dias de sair da quarentena, fiz o teste novamente e estava negativo, então comecei a passar mal, com falta de ar. Fiz uma tomografia e já estava com os pulmões comprometidos”.
Rosemeri precisou ser internada, ficou seis dias no Hospital Frei Clemente de Soledade. “Fiquei no oxigênio durante os dias de internação, mas graças a Deus não precisei ser intubada. Meu esposo e minha mãe, que tem 82 anos, também contraíram o vírus, mas com eles não aconteceu nada”.
Após a internação Rosimeri voltou para casa, mas começou a sentir as sequelas. Ela conta o que sente e faz um apelo para que as pessoas se cuidem. “Fiquei com muita falta de ar, uma dor nas pernas tão forte que não tem explicação. Até mesmo para conversar, você não tem certeza do que está falando, tenho muitos esquecimentos, tem que ter sempre alguém auxiliando. Isso é muito triste, e ainda tem gente que não acredita, com tudo que estamos vivendo, tantos óbitos. Então só peço que as pessoas se cuidem, que pensem em si próprias e nos outros”.