A expectativa é de uma safra melhor que a do ano passado
Começou o plantio do fumo na região e estado, fase em que as mudas saem das bandejas para ocupar as lavouras. Trabalhar com vontade e respeito à terra. Esse é o segredo do agricultor Valmir Bona que produz tabaco há 50 anos, em uma propriedade localizada na Linha Gramado, interior de Arvorezinha.
Aproximadamente 140 mil mudas de fumo foram transplantadas para os oito hectares da lavoura de Bona, produção semelhante a do último ano. “Nesta safra esperamos que a produtividade seja melhor, pois no ano passado, o granizo acabou prejudicando. As chuvas fortes que atingiram nossa região recentemente também danificaram um pouco das mudas, mas já fizemos o replante”, ressaltou Bona que tem a ajuda de cinco familiares no cultivo, principal produção da família.
Morador da comunidade de Campo Novo, em Fontoura Xavier, Adilso Camilotti Gasparin, plantou recentemente 42 mil pés de fumo e ressalta ter boa expectativa de produção e preço para essa safra. “Sou produtor de fumo há muito tempo, tradição que herdei de meu pai. Estamos prezando pela qualidade para poder exigir um bom preço. Se o clima colaborar esperamos para esse ano uma boa safra”, frisou ao citar que o fumo na pequena propriedade é o que gera mais lucro.
De acordo com o gerente do Departamento de Supervisão Técnica da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), Paulo Vicente Ogliari, o mercado do tabaco está estável.
Porém, a orientação das entidades representativas dos produtores é de não aumentar a área. “Nossa previsão inicial é de manutenção de área”, frisou.
Amprotabaco estuda internacionalizar entidade
A delegação da Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco) participou, na última semana, da reunião na sede da Missão Brasileira em Genebra, na Suíça, da 8ª Conferência das partes da Convenção-Quadro para o controle do tabaco (COP-8).
O consultor executivo da Amprotabaco, Dalvi Soares de Freitas, falou sobre o evento. “Nós tínhamos uma grande preocupação quanto à realização da conferência, de que algumas deliberações que estavam sendo propostas para serem retratadas gerassem um impacto imediato na produção de tabaco para a próxima safra. Uma das propostas era retirar as negociações internacionais de comercialização de tabacos Organização Mundial do Comércio (OMC). Evidentemente, se isso tivesse avançado, nós poderíamos estar muito preocupados quanto à questão da comercialização de tabaco já na próxima safra. Mas o assunto não foi levado adiante, nós acreditamos que não teremos impactos relevantes para a próxima safra de tabaco”, comenta.
De acordo com Freitas, nos próximos anos devem se aprofundar impactos da Convenção-Quadro na produção. “Um dos grandes impactos será a diminuição significativa no consumo do produto final, que é o cigarro, no mundo. Se houver essa diminuição, evidentemente haverá um impacto na produção de tabaco e na sua comercialização mundialmente falando, e nós no Brasil não estamos imunes a isso”, frisa.
A conferência também resultou em avanços significativos como a conclusão da necessidade de Amprotabaco passar por um processo de internacionalização. “Esta ação permitirá que aumentemos a nossa representatividade na discussão internacional do tabaco, e que deverá permitir que na próxima COP, nós possamos participar de forma mais próxima do evento. Para ampliar a representatividade dos municípios nós precisaremos ser uma entidade internacional”, reforça Freitas.
Segundo ele, existem hoje de 80 a 90 países no mundo que produzem tabaco. A internacionalização deverá contemplar parte deste contingente. “Faremos uma reunião de avaliação quando retornarmos da COP, para que possamos conversar sobre esta possibilidade de internacionalizar a Amprotabaco. Poderemos alcançar muitos municípios, com força política, para interferir diretamente nas negociações que antecedem uma conferência”, projeta.


