21% dos brasileiros com smartphone apostaram em bets. Presidente do Banco Central revela que gastos após regulamentação superam $ 20 bi por mês.
O mercado das apostas esportivas tem conquistado cada vez mais espaço no Brasil. Segundo um levantamento recente feito pela Mobile Time e Opinion Box, 21% dos brasileiros que possuem smartphone realizaram pelo menos uma aposta em aplicativos de bets nos últimos 12 meses.
Esse fenômeno não está restrito a uma classe específica. A pesquisa mostrou que a adesão é praticamente igual em todas as classes sociais, com 22% nas classes A e B, e também na classe C, e 21% nas classes D e E.
Em relação às preferências dos apostadores, os dados mais recentes das bets feitas na KTO mostram que o futebol continua sendo o esporte preferido dos apostadores brasileiros. No total, a modalidade representou 89% das apostas realizadas em fevereiro. Entre os campeonatos mais apostados, destacam-se o Campeonato Paulista, com 8,05%, a Premier League inglesa, com 6,46%, e o Campeonato Gaúcho, que atraiu 5,42% das apostas no período.
O volume de apostas feitas por meio de dispositivos móveis é refletido diretamente na receita das empresas de apostas esportivas. De acordo com a Associação Brasileira de Bets e Fantasy Sport (ABFS), elas representam mais de 70% da receita total gerada pelo mercado de apostas online no país.
O crescimento desse mercado também chamou a atenção de membros do governo. Em sessão recente da CPI das Apostas Esportivas, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, revelou dados impressionantes sobre as bets no país: nos primeiros meses de 2025, os brasileiros gastaram entre R$ 20 bilhões e R$ 30 bilhões por mês com apostas esportivas. Cerca de 93% desse montante retorna aos apostadores na forma de prêmios, superando as estimativas iniciais que previam gastos próximos a R$ 20 bilhões e uma devolução de cerca de 85% em prêmios.
Esses números não apenas ilustram a dimensão das apostas esportivas no Brasil, mas também indicam uma oportunidade significativa de arrecadação para o governo federal. Especialistas entrevistados ainda em 2024 pelo jornal Estadão estimaram que as bets devem gerar arrecadação entre R$ 2 bilhões e R$ 10 bilhões em 2025. O ano marca a entrada em vigor da nova regulamentação do setor, com tributos incidindo diretamente sobre a receita das empresas de apostas e sobre os prêmios mais altos ganhos pelos apostadores.
Italo Franca, economista do Santander Brasil, acredita que a maior parte da arrecadação será proveniente das empresas de apostas, já que a maioria dos apostadores deverá permanecer na faixa de isenção tributária. No entanto, existe ainda uma grande incerteza sobre como a regulamentação afetará o mercado. Apesar dessas dúvidas, os valores arrecadados podem ajudar o governo federal, embora não sejam suficientes para resolver problemas fiscais mais amplos.
Paralelamente ao potencial econômico, o crescimento das bets também levanta preocupações relacionadas à saúde pública. Por esse motivo, o governo brasileiro quer reduzir impactos na saúde causados por apostas esportivas. Entre as iniciativas anunciadas estão campanhas informativas sobre os riscos do jogo, além da criação de uma lista centralizada de pessoas proibidas de apostar, que incluirá indivíduos diagnosticados com ludopatia, a dependência em jogos.