Mobilização pede por suspensão de dívidas e respeito à legislação do crédito rural
Por Oneide Marcos
Desde a manhã do último dia 20, agricultores da região norte do Rio Grande do Sul realizam uma mobilização pacífica às margens da ERS-324, no município de Vila Maria. O protesto, que ocorre das 9h às 17h, inclui dois bloqueios diários da rodovia e reúne representantes de pelo menos oito municípios, entre eles Camargo e Nova Alvorada. Até o momento, nenhum incidente foi registrado.
Sem uma liderança formal, o movimento se destaca pela organização e pela forte estrutura montada, que conta com o apoio maciço da comunidade local. Os manifestantes são unânimes em afirmar que a mobilização não visa à anistia das dívidas, mas sim à suspensão dos vencimentos de curto prazo junto a instituições financeiras, cerealistas, cooperativas e empresas privadas.
Os agricultores reivindicam também a renegociação dos prazos de pagamento e vencimento por meio da securitização das dívidas, bem como a fiscalização rigorosa da aplicação da legislação do crédito rural pelas instituições financeiras nos últimos ciclos produtivos.
Outra preocupação expressa durante o protesto é o impacto social da crise no campo. Segundo os organizadores, a mobilização busca evitar consequências graves para a sociedade, como o aumento do desemprego, alta nos preços dos alimentos e o comprometimento da paz social.
Apoio das lideranças
O apoio popular tem sido evidente: motoristas que passam pelo local buzinam e acenam em solidariedade à causa dos produtores. A presença de lideranças políticas e comunitárias tem sido constante. Na sexta-feira passada, 23 de maio, todos os prefeitos dos municípios participantes marcaram presença, dentre eles Edilson Romanini de Nova Alvorada e Jeanice de Freitas de Camargo. Além disso, o vice-prefeito camarguense, João Carlos Lodi, o secretário municipal da Agricultura, José Expedito Filippi e o presidente do Legislativo camarguense, vereador Claudemir Lodi, passaram pelo local ao longo dos últimos dias. Outras lideranças regionais, tanto políticas quanto empresariais, também se somaram ao movimento nos últimos.
“Quero manifestar, em nome da comunidade de Camargo, nosso total apoio à mobilização que vem sendo realizada em defesa do setor primário. Nosso município tem no agronegócio, na agricultura familiar e na produção rural a base de sua economia, da geração de empregos e da permanência das famílias no campo”, disse a prefeita de Camargo. “Nos solidarizamos com todos os trabalhadores e produtores rurais que enfrentam desafios diários para manter a produção ativa, mesmo diante de tantas dificuldades. A manifestação é legítima, justa e necessária. Como gestora pública, reafirmo meu compromisso com as causas do nosso povo e com o desenvolvimento sustentável do campo. Seguiremos firmes na defesa do que sustenta nossa cidade: o setor primário, complementou a prefeita.
A mobilização deve continuar ao longo da próxima semana, e os agricultores prometem manter o diálogo aberto com as autoridades enquanto aguardam respostas concretas às suas demandas.