Os dois filhos são especiais e o marido tem graves sequelas de um AVC. Ela cuida de tudo e de todos, e eles cuidam dela
Por Jaqueline Merlin
Anair Tomasini, 76 anos, é casada há 54 anos com Rosemar Tomasini, tem 78 anos; eles são agricultores. O casal tem três filhos, sendo que o primeiro, aos 33 anos, faleceu em um acidente. Os demais filhos, um casal, ambos nasceram com paralisia cerebral. Ela e o marido sempre trabalharam na roça, de onde tiraram o sustento da família, dividindo o tempo entre o trabalho e o cuidado dos filhos. Porém, nunca se sabe o que a vida reserva para cada um. Em agosto de 1921, Rosemar teve um AVC e mais três ameaças de infarto; infelizmente, esse quadro deixou sequelas. O lado esquerdo ficou comprometido e ele não consegue se movimentar, não consegue se comunicar, precisando de ajuda para tudo.
Os filhos são os pilares
Os filhos, apesar da deficiência, são os pilares de Anair, como ela explica: “meus filhos, mesmo tendo deficiência, não me dão muito trabalho, eles me ajudam, indo se arrastando no chão, pois não caminham, não falam, mas possuem a compreensão visual dos fatos e acontecimentos”, comenta Anair.
Quando a reportagem chegou à casa da família, Rosi, a filha, vaidosa que é, estava ansiosa, passando batom e arrumando o cabelo, pois esperava o transporte para ir participar de uma oficina que a municipalidade irá desenvolver semanalmente, mas que ainda não iniciou. Segundo Anair, “em breve devem iniciar as oficinas, minha filha faz isso todos os dias porque gosta muito de participar das atividades que são oferecidas, é um momento de recreação e aprendizado para eles e para mim um momento que aproveito para descansar e organizar a casa, dar mais atenção ao meu marido. Sempre que preciso de atendimento médico ou serviços da saúde, ligo para a Secretaria de Saúde e sou prontamente atendida”, relata Anair.
“Eu cuido deles e eles me cuidam”
Enquanto dona Anair concedia a entrevista, falando da rotina diária da família, Rosemar, que possui um olho azul muito bonito e sensível, se emocionou. Ele tentava falar, mas não conseguia. Ela comenta que toma conta da casa e de todos sozinha, fazendo o que pode para o bem da família: “eu cuido deles e eles me cuidam, é difícil conseguir alguém para ajudar, e assim vamos indo. Tenho um irmão que me ajuda muito, quando preciso sair para algum compromisso, ele vem me buscar e depois me traz de volta”, conclui Anair, uma mulher forte, guerreira, de fibra e coragem, que cuida da família com muito zelo e carinho.