Data sugere reflexões sobre namoro, família e futuro
Por Divanei Mussio
O Dia dos Namorados no Brasil é comemorado em 12 de junho, sendo uma data reservada para que os casais demonstrem o amor e cuidado mútuo.
No Brasil, a história da data está intimamente ligada a uma campanha publicitária do publicitário João Dória, que criou a data em 12 de junho para impulsionar as vendas no comércio local. A escolha de 12 de junho foi estratégica, pois antecede o dia de Santo Antônio, conhecido como “santo casamenteiro”.
Um amor que se fez aos poucos, sem pressa
Ele tem 24 anos, mora e trabalha na comunidade de Pinhal Queimado, é estudante de Veterinária; ela tem 20 anos, mora e trabalha em Arvorezinha, é estudante de Direito. Conheceram-se, há cerca de cinco anos, no Instituto Felipe Roman Ros, quando estudavam; ficaram amigos, foram se aproximando aos poucos e viram surgir um sentimento mais forte: o amor.
Essa é a história, até agora, do casal de namorados Natan Salvini e Ana Julia Formagini. “Não temos uma data que marque o início do namoro; as coisas foram acontecendo naturalmente, sem pressa”, descreve Natan.
O namoro tem os passos básicos: a paixão inicial, alguns desentendimentos, brigas e separações e o reatamento, mais forte e convicto. “Tudo isso que passamos acaba fortalecendo o namoro, nos amadurece e nos aproxima mais”, reflete Ana, ao que Natan complementa: “O que se vê, normalmente, é que namorados brigam e não tentam se entender, não dão outra chance, daqui a pouco já estão com outra pessoa. Nós nos desentendemos, mas, como gostamos muito um do outro, tentamos nos entender e voltamos”.
O meio molda a personalidade
Sendo uma das marcas do relacionamento de Ana e Natan as idas e vindas e a decisão de sempre voltar e tentar de novo, ao serem questionados sobre onde está a inspiração, o modelo para conduzir dessa forma, eles respondem que o meio onde vivem e as pessoas com quem convivem são decisivos. “A minha família é do interior e certamente me orientou nesse sentido, de não desistir facilmente das coisas. E tem o CTG também, que participamos ativamente, que nos molda e faz com que tenhamos esses princípios e valores, a cabeça mais centrada”, destaca ele.
Ana lembra dos amigos, que sempre ajudaram o casal a crescer e se fortalecer. “Nossos amigos sempre estiveram do nosso lado, conversando, nos ajudando. E nós entendemos que, com muita conversa, podemos resolver as diferenças e seguimos adiante. Com conversa, tudo flui melhor”, revela a jovem enamorada.
O casal tem noção de que está construindo junto uma caminhada, que eles estão crescendo juntos, que não estão prontos, que precisam dedicar-se, ambos, ao namoro para que ele siga firme, prosperando e crescendo. “O amor nos mantém juntos, nos faz voltar, nos faz ceder, nos faz querer ficar juntos; somos muito parceiros, companheiros e queremos fazer dar certo”, afirmam, de forma uníssona, demonstrando que ambos andam na mesma direção.
O futuro
Quanto ao futuro, o jovem casal pensa, primeiramente, em estudar, ter independência financeira dos pais, construir algo juntos e depois, morar juntos e construir sua família.
“A família é e sempre foi a base de tudo”
Sirlei Lima Comerlatto é mãe de Liamara, de 11 anos; a mãe, que é professora, tem a preocupação de muitos pais quando os filhos chegam à adolescência e preparam-se para entrar no mundo dos relacionamentos interpessoais mais próximos: como preparar e orientar os filhos nessa idade. Ela responde: “a família é e sempre foi a base de tudo; viemos de outras gerações vendo que as crianças e jovens tendem a ter um desenvolvimento muito maior e relacionamentos mais sadios quando têm uma base forte, saudável, amorosa e segura para irem além, para seguirem suas próprias vidas de forma mais tranquila. Sempre oriento muito minha filha nesse sentido, para que ela respeite e seja respeitada”.
Na avaliação de Sirlei, os relacionamentos estão cada vez mais abusivos. “Vemos um crescente machismo solto por aí, onde muitas mulheres têm suas vidas ceifadas por não quererem mais estar em relacionamentos, algo muito triste e que com certeza devemos orientar nossas meninas, para não aceitarem nenhum tipo de relação abusiva ou que se sintam sem liberdade. Que sejamos nós, enquanto família, o pouso, que possam voar, mas que tenham certeza de que podem voltar”, destaca ela, que também é secretária de Assistência Social de Itapuca.
Ela também releva o papel dos professores nesse contexto. “O professor é refúgio de muitas coisas que eles carregam e precisamos, com urgência, olhar para nossos jovens, orientá-los, para buscarem no namoro e no casamento, um complemento, um futuro e uma vida a dois com seriedade e comprometimento”.
Dia para refletir sobre relacionamentos
O namoro é uma relação afetiva e emocional entre duas pessoas que se atraem e buscam compartilhar tempo e experiências juntas. É um período de descoberta e construção da relação, que pode ou não evoluir para um noivado ou casamento.
O padre Clécio José Henckes, pároco da Paróquia Santuário São Paulo Apóstolo de Ilópolis e doutorando nas áreas da Antropologia e da Teologia pela PUCRS, refletiu sobre essa data, as mudanças ocorridas ao longo do tempo.
Por que os jovens se casam menos?
“Por que os jovens se casam menos que no passado? Namoro e casamento mudaram seu significado? Que significa assumir compromisso sério com alguém? Que sentido dar ao Dia dos Namorados para além do aspecto econômico? É necessário formalizar a união sacramental de duas pessoas?”, questiona o religioso, com o objetivo de fazer as pessoas refletirem além do aspecto comercial do 12 de junho.
Atualmente, a Igreja Católica não realiza mais os Cursos de Noivos, mas há uma preparação mais personalizada na casa dos namorados, mesmo que já estejam morando juntos, informa ele, justificando. “Quer-se estabelecer uma comunicação que seja capaz de falar ao coração, de suscitar atitudes de abertura e amizade, capaz de apostar na beleza e na esperança, mesmo nas situações aparentemente mais difíceis, de gerar empenho, empatia, interesse de cumplicidade entre o casal”.
Os namorados gostam de tocar o coração apaixonado de alguém com uma ligação, um presente, com flores. “Palavras como alegria, coração, diálogo, encontro, escuta, esperança, fraternidade, misericórdia, paz, proximidade, ternura e verdade, nos colocam no caminho de um relacionamento fecundo, que transforma os corações”, frisa o pároco, indicando o caminho a ser seguido para relacionamentos saudáveis e prósperos.
Como se pode proteger o relacionamento de casais que se amam e querem constituir uma família onde a dignidade humana prevaleça? Padre Clécio responde: “só no mistério de Jesus Cristo se esclarece verdadeiramente o mistério do ser humano. As verdades sobre o ser humano nele têm a sua fonte, e nele atingem a sua plenitude. Ele é o ser humano por excelência, plenamente relacional”.
O número de casamentos tem diminuído em vários países, incluindo o Brasil, e existem várias razões para isso, apontada por estudiosos do assunto. Uma das principais é a mudança nas atitudes e expectativas em relação ao casamento, com um maior foco na liberdade individual e na autonomia feminina. A pandemia também afetou os casamentos, com muitos adiamentos devido às restrições de distanciamento social.
Olho
“O amor nos mantém juntos, nos faz voltar, nos faz ceder, nos faz querer ficar juntos; somos muito parceiros, companheiros e queremos fazer dar certo”.