Que emocionante foi o sete de setembro de 2021! O povo nas ruas, nas estradas, todos de verde e amarelo, bandeiras e faixas, discursos inflamados com alto teor de defesa dos valores da Pátria e contra a corrupção.
Depois de quase 200 anos de Brasil independente seria esse o maior sonho de Dom Pedro ao proclamar a independência do Brasil? Ver construída aqui uma Pátria livre, autônoma, pujante, que não se dobra a desmandos e a interesses obscuros. Seria a verdadeira Pátria Amada Brasil.
Todo o manifesto foi magnífico, produziu imagens sensacionais e nos proporcionou a possibilidade de ter uma ideia da dimensão do potencial do povo brasileiro, se ele realmente quiser uma mudança.
Mas é fato, e não adianta se enganar ou sonhar acordado. Não bastam apenas mobilizações, carreatas, se vestir ou se pintar de verde e amarelo, sair por aí discursando e gritando contra os políticos corruptos e contra o STF.
Para que o Brasil mude de verdade, a sociedade, o cidadão precisa mudar antes. Não dá para fazer parte da mobilização exigindo a mudança dos outros no dia 7 de setembro, e no dia 3 de outubro votar em quem oferece a melhor vantagem pessoal, ignorando o currículo podre do candidato e o vácuo de suas ideias e propostas. Se vendeu o voto, ou pretende seguir negociando, tem mais é que aceitar calado o retorno que tem recebido. Afinal, atualmente, nem dentro dos presídios se encontram tantos criminosos quanto no Congresso Nacional, e é lá onde são feitas as leis, por estes representantes do povo. E todos os que estão lá, receberam milhares de votos, e voltarão a se candidatar nas próximas eleições, e é a partir da indicação dos políticos que partem os nomes dos ministros do STF, do Tribunal de Contas, e tantos outros QIs (cargos ocupados por indicação).
Se a lei que rege a nossa sociedade continuar a ser a “Lei de Gerson”, a lei que prevê que se leve vantagem em tudo, ou a “lei do quem pode mais chora menos”, pode fazer a manifestação do tamanho que quiserem, podem se pintar de ouro e verde oliva e sair na paulista, que a “única coisa que vai mudar são as moscas, a merda continuará a mesma”, em uma alusão a citação do escritor português Manoel de Brito Camacho.
É louvável a realização de manifestos como os que ocorreram no sete de setembro, quando os valores patrióticos são rememorados, revividos e fortalecidos. Imagine o que não passa na cabeça das pessoas que participam destes atos e no dia seguinte precisam voltar à rotina. Como cada um mudou depois da manifestação? Certamente o indivíduo não consegue mais sonegar impostos!
Se tem a casa mobiliada com 100% itens do Paraguai, a primeira medida adotada será procurar a Receita e declarar tudo e pagar seus impostos devidos. Aquele servidor público que estava sempre de atestado, inventando doença para não trabalhar, jamais voltará a faltar ao trabalho. O outro, que mal assumiu um cargo público e usa do carro público para fins particulares, jamais fará isso de novo. O empresário que frauda seus produtos, vende alimentos e medicamentos vencidos e contaminados, vai buscar por livre e espontânea vontade formas de ressarcir seus clientes e jamais fará isso novamente, vai zelar pelo bem-estar do outro, vai querer oferecer produtos e serviços de qualidade por um preço justo e vai declarar todas as suas vendas e seus ganhos e pagar devidamente os seus impostos.
Os maus professores vão parar de fazer de conta que ensinam, serão comprometidos verdadeiramente com a educação, e os maus alunos também vão parar de fazer de conta que aprendem e vão estudar de verdade. Todos vão ser pais e mães dedicados, comprometidos, que honrarão com suas responsabilidades sociais e colocarão sempre a família em primeiro lugar.
Os falsos templos e profetas vão se arrepender e parar de enganar e extorquir o povo ignorante, que na ânsia de buscar a salvação se deixa explorar. Todos vamos voltar a estudar, nos qualificar e trabalhar ainda mais para fazer do Brasil uma nação verdadeiramente pujante, não vamos ficar esperando pelo governo ou pelo outro. Vamos ser mais solitários e cultuar o espírito comunitário, vivendo de forma fraternal.
E pronto, basta só isso e o Brasil mudou! Mudou de verdade e pra valer. E quando um dia isso acontecer, vamos perceber que não precisamos do Judiciário, pois não somos criminosos, e muito menos da ajuda de políticos, porque quem se ajuda, não precisa ser ajudado.
Viva o sete de setembro! Viva o Brasil! Viva as manifestações e viva mais do que nunca a transformação que precisamos para nos tornarmos melhores amanhã. Estamos todos juntos no mesmo barco, ninguém é melhor do que ninguém, todos precisando enfrentar os seus demônios em prol da superação e da evolução.