InícioRuralProdução diversificada atende o desejo do mercado consumidor

Produção diversificada atende o desejo do mercado consumidor

Com a agroindústria regularizada, família quer triplicar a produção deste ano

Por Daiane Kalsing

Produzir matéria-prima de excelência para conseguir atender o desejo do cliente. Este é o propósito do jovem Rafael Frozza, morador de Putinga Baixa, em Putinga. A agroindústria familiar de sucos artesanais busca ampliar cada vez mais a produção, mas principalmente oferecer um produto com credibilidade ao consumidor.

Os Sucos Artesanais da Família Frozza trabalha com diversos tipos de sucos. Além das uvas americanas bordô, francesa e niágara produzindo os sucos branco e tinto, Rafael começou neste ano com o processamento de mirtilo para suco integral. “Nossa intenção é diversificar um pouco a produção, que era só de uvas, com o mirtilo, amora e framboesa. Para esta safra se pretende trabalhar também com o pêssego e a maçã, mas aí com frutas adquiridas de terceiros”.
A plantação de uva gira em torno de dois hectares e meio, sendo que a maioria é arrendada. Já a soma das demais frutas, mirtilo, amora e framboesa fica em um hectare e meio. Um volume pequeno, segundo Rafael, pois a mão de obra que demanda é alta e não tem como ampliar.
Na safra anterior, mesmo sendo atípica, pois muito se perdeu em decorrência das chuvas, foram colhidas 12 toneladas de uva, uma tonelada e quatrocentos quilos de mirtilo e uma tonelada de amora. Por ser o segundo ano e por ter uma produção pequena, a colheita da framboesa foi baixa. “Para este ano a expectativa é sempre boa. Acredito que vai melhorar. A uva está iniciando a florada, que é o período que define. Mas pelo que vejo até o momento, vai ser superior ao ano passado”.
A maior parte da comercialização é direta com o cliente, gerando uma lucratividade maior, além de atender a demanda específica de cada um. Os produtos estão entrando aos poucos nos supermercados.
Visão de mercado

Enólogo, Rafael conta que a produção de sucos iniciou em 2015. “Fazíamos o suco no porão de casa. Começamos com 50 litros, aí passou para cem litros e percebemos que tinha possibilidade de mercado. No último ano foram produzidos 800 litros e a partir disso, vimos a necessidade de regularizar o negócio”. Todo o assessoramento e reforço foram obtidos via Emater, que sempre foi parceira da família.
“Desde que comecei, quando fiz 50 litros, no ano seguinte produzia o dobro. Para a próxima safra, por exemplo, pretendo ampliar de novo, produzindo cerca de cinco mil litros. A intenção para este ano, se possível, é triplicar a produção”, afirma Rafael. Esta é a primeira safra que a agroindústria fez regularizada, pois o registro chegou em março, praticamente estourando a safra. Esse detalhe fez com que parte da uva tivesse que ser vendida, sem processar, rendendo uma safra menor do que a planejada. Já o cultivo do mirtilo e amora vêm desde 2006, mas foi a partir de 2010 que a produção se tornou mais significativa.
“Sempre se produziu uva aqui em casa, fazendo principalmente um vinho caseiro. O suco é algo mais recente, já que há alguns anos o mercado era voltado ao refrigerante e suco em pó. Hoje a ideia é outra e fica mais fácil de vender suco. E foi com essas viradas de mercado e tendências que as ideias se encaixaram, aliando isso à atividade que já tínhamos em casa”, lembra. Além dele, a agroindústria é tocada pelos pais Maria e Nadir, irmão Ismael, além do apoio da namorada Morgana que auxilia mais na parte de vendas.
A colheita da amora e do mirtilo começa na segunda quinzena de novembro e a uva no final de janeiro. Conforme Rafael, o inverno mais rigoroso deste ano acabou atrasando a brotação. “Agora é uma época em que se comercializa o que tem estocado, pois serviço de indústria não tem. Engarrafado e pasteurizado, o suco integral já está pronto para ser consumido e depois buscar cliente”.

Participação em
feiras e qualificação
Tocando há cerca de cinco anos a produção dos sucos, Rafael ainda não conseguiu expor o produto em feiras justamente pelo fato de não ter registro. Agora que está regularizado, já se programa para participar de feiras promovidas pela Fetag, entre outras que ocorrem pela região. Segundo ele, apenas o registro do Mapa não adianta, pois é o registro do programa das agroindústrias do Estado que permite a participação em feiras.
Além da regularização, Rafael sempre buscou se qualificar para produzir e oferecer um produto de qualidade ao seu cliente. “Temos os Arranjos Produtivos Locais (APL), um grupo de agroindústrias e produtores de todo o Vale do Taquari com sede em Encantado, e é a partir deles que tenho parte da formação. Pelo Sebrae, por meio do programa Juntos Para Competir, implantamos a rastreabilidade na produção das frutas. Agora, para a próxima safra, o Ministério da Agricultura já obriga que todas as frutas saiam rotuladas e com rastreabilidade”.
Neste intuito, a produção da família já está sendo toda colocada em cadernos de campo, para poder fornecer um produto rastreado. “A gente tem que ter credibilidade no nosso produto para o consumidor final poder adquirir e consumir com toda a confiança. Ele busca por uma alimentação segura. É credibilidade tu fazer o cliente acreditar que o teu produto é bom e provar dele de forma tranquila”.
Para que o empreendimento familiar tenha sucesso, Rafael destaca o apoio da Emater que sempre foi muito significativo. “A Emater é meu outro braço. No básico a gente se vira, mas tem programas que vêm para o município e para os produtores só por meio da Emater. Então desde o início quando eu pensei em instalar a agroindústria, procurei o Dario (extensionista da entidade) para orientação. Além dele, diversas pessoas da entidade foram fundamentais para o sucesso e crescimento do negócio.
O extensionista da Emater, Dario Busch, destaca que a diferença de Rafael para outros produtores é que ele está sempre aberto para adquirir conhecimento. “Muitas vezes se fica em dúvida com o que é oferecido, mas todos os convites que eu fiz a ele relacionados à produção e à agroindústria, foram poucos os que ele me disse não de imediato. Dentro do possível tenho o acompanhado em palestras, reuniões e encontros. E isso é algo muito positivo, pois ele vai atrás e é assim que se consegue conhecimento, vendo como os outros estão fazendo. Orientação a gente passa, mas o bom é ver na prática”.
Rafael frisa que cursos têm à vontade para fazer, mas que é preciso selecionar o que realmente interessa. “Tem que ter conhecimento e ir atrás, pois ou tu te especializa ou cai fora”.
Produção futura

O jovem destaca que a família tenta lançar no mercado um produto artesanal, tanto que a própria marca já cita isso, com uma produção diferenciada, mas que se possa ter um contato mais próximo daquele produto elaborado.
Em relação a produzir vinhos no futuro, Rafael destaca que ainda não pensou a respeito, pois tem muito a fazer ainda no ramo do suco. “Quero primeiro estufar o mercado dos sucos, aproveitar esse campo, pois tem muito para focar. Além dos sucos, tenho uma linha de néctares que posso explorar e nem comecei, assim como a produção de sucos tropicais como goiaba, maracujá e manga que dá para ampliar bastante”, enfatiza.

Rafael com os pais Maria e Nadir tocam a agroindústria juntamente com o irmão Ismael
Extensionista Dario com Rafael no parreiral. Apoio da entidade foi fundamental para crescimento e sucesso do negócio
A família na plantação do mirtilo, um dos carros-chefes dos sucos da agroindústria

Deixe uma resposta

Digite seu comentário
Por favor, informe seu nome

SIGA-NOS

42,064FãsCurtir
23,600SeguidoresSeguir
1,140InscritosInscrever

ÚLTIMAS