Expectativa é de crescer 3% com relação a safra passada, em que
o Estado se tornou o segundo maior produtor do grão no País
Por Denise Borsatto
A Emater divulgou durante um café realizado com a imprensa, na Expointer, em Esteio, a previsão de que o Rio Grande do Sul pode produzir até 19,7 milhões de toneladas de soja na safra 2019/2020.
O aumento significa 3% a mais que as 19,1 toneladas colhidas na temporada passada, no qual o Estado se tornou o segundo maior produtor do grão no País. Entre os fatores que podem influenciar este aumento, estão a expectativa de que o clima seja favorável e o aumento na produtividade das lavouras.
O presidente da Emater, Geraldo Sandri, revela que o que chama a atenção nas estimativas é o aumento da produtividade. “A soja é nossa cultura líder, pois ela traz divisas, melhora o PIB e é o grande puxador da economia, com preços muito bons. E por isso prevemos que é possível bater o recorde esse ano. Por enquanto o clima é favorável e a perspectiva é boa em relação a ele, mas sabemos que isso sempre pode mudar”, diz.
Para a entidade, o Estado deve plantar 5,9 milhões de hectares, com relação aos 5,7 milhões da temporada anterior, consolidando a chance de o Estado bater o recorde na produção. “É importante os agricultores também terem um seguro rural, fazer vendas no mercado de opções, garantindo assim uma boa receita”, conclui Sandri.
O secretário da Agricultura do Estado, Covatti Filho, afirmou que as expectativas são excelentes. “Teremos uma das melhores safras da história do nosso Estado se o clima colaborar”, disse.
O exemplo na prática
Um dos exemplos de aumento de produtividade está na propriedade da família Gaspar Valério, da Linha Campo Bonito. Eles apostaram na produção de soja em 2010, quando plantaram 40 hectares. Na última safra aumentaram a área de cultivo, passando para cem hectares.
Segundo Odair José Valério Gaspar, a opção pelo grão surgiu quando o gado já não estava mais dando uma lucratividade boa. “Resolvemos plantar em 2010, pois como trabalhávamos com o gado e o lucro estava cada vez menor, tivemos que optar por outra coisa e a soja foi nos dando um rendimento bom, com isso aumentamos a lavoura para o plantio, que nos dá hoje, mais rentabilidade”, disse.
O gado que era a principal fonte de renda, perdeu espaço para a soja. “A nossa maior lucratividade hoje é a soja e a nossa expectativa é de colher, no mínimo, cinco mil sacas na próxima safra. Estamos trabalhando para isso”, afirma.
Para ampliar a área de plantio, a família precisou investir desde a aquisição de maquinários próprios até a correção do solo. “Não adianta ter um clima bom, se o solo não estiver de acordo com a produção. Quando abrimos a área aqui, fizemos análise de solo, e era bastante ácido, com bastante falta de calcário e aí tivemos que colocar em média seis toneladas por hectare”, disse ao contar que o início do plantio começou com um trator e uma plantadeira. “Com o tempo compramos um trator maior e compramos mais uma plantadeira. Hoje então estamos com maquinário para trabalhar. Também, compramos um novo pulverizador e construímos o galpão. Quando decidimos ampliar, sabíamos que se não investíssemos teríamos que deixar de lado essa atividade”.
O aumento da área plantada não cessou. A família pretende abrir mais 16 hectares para o próximo ano. “Para isso, vamos precisar investir mais ainda, pois é um campo desparelho, então vamos precisar de máquinas para arrumar isso”, conclui.
Além de José Odair, trabalham no campo a sua esposa Fernanda Oliveira de Souza, o irmão Olair Gaspar Valério e os pais Sadi José e Maria de Lourdes Gaspar Valério.
Em Nova Alvorada, muitas famílias têm apostado com força na produção de soja. Alguns produtores deixam de lado a cultura da erva-mate para plantar o grão.
