Por Ana Paula Mello
Falar do cultivo de noz-pecã, há alguns anos, era assunto que envolvia poucas pessoas, porém, atualmente, o cultivo da variedade tem crescido muito em todo Estado, e passa por um momento de plena expansão, buscando avançar em qualidade e chegar a outros países, com isso, produtores atentam para a qualidade do fruto e buscam qualificação no setor.
O presidente do Instituto Brasileiro de Pecanicultura (Ibpecan), Carlos Eduardo Scheibe, explica que o país produz hoje em torno de cinco mil toneladas e pode crescer mais. Cultivo registra aproximadamente US$ 10 mil de rendimento por hectare, mas demanda alto investimento inicial e até oito anos para a nogueira começar a dar frutos.
“Depois de um tempo, a cultura começou a se expandir e nos últimos dez anos houve um incremento muito grande, principalmente quando a população começou a pensar em uma alimentação mais saudável”, pontua.
O Ibpecan surgiu para buscar conhecimento e mercado para os produtores. “Nos Estados Unidos, as regiões produtoras contam com uma associação muito forte e estamos implantando isso também aqui no Brasil”, ressalta.
Segundo Scheibe, o Brasil ainda não tem protocolo de exportação de noz-pecã para a China e acaba complicando bastante o investimento na cultura. “O instituto está apenas começando, porém, a nossa ideia é ser um polarizador de informações. Nós temos uma diretoria extremamente ativa e trabalhamos em alguns pontos na abertura para exportar com o Ministério da Agricultura”, conclui.
Conquistas no RS
No Rio Grande do Sul, várias conquistas têm marcado os produtores de noz-pecã. A criação de uma Câmara Setorial da Noz-Pecã na Secretaria de Agricultura do Estado formalizou o cultivo buscando formas de ampliar e expandir e deu aos produtores a oportunidade de buscar soluções juntos.
A primeira abertura oficial da colheita da noz-pecã que ocorreu em Anta Gorda, durante a FestLeite de 2018 também marcou o Estado com a valorização da cultura e o olhar das lideranças voltado para a possibilidade de crescimento.
Ambas as conquistas tiveram uma participação específica de produtores de Anta Gorda e Administração Municipal.
Em Anta Gorda, família
Pitol é modelo no cultivo
Conhecida em todo Estado, a família Pitol, de Anta Gorda, é uma das pioneiras no cultivo de nozes graças ao patriarca Luizinho Pitol que deu início aos Viveiros Pitol e trabalha na atividade há 50 anos.
Com o passar o tempo, a família passou a comprar e vender os frutos e há dez anos possui a agroindústria, a qual oferece diversos produtos de nozes no mercado.
Hoje administrada por Leandro Pitol, a empresa tem parceria com vários produtores de Anta Gorda e também tem o objetivo de expandir.
“O nosso objetivo é atingir o cliente, aquele que compra mudas, e também o nosso fornecedor de nozes. Acreditamos que é preciso ter mais conhecimento para assim melhorar a qualidade da noz-pecã e depois disso expandir”, aponta Pitol.
Ele acredita que cuidar da muda, da poda e do armazenamento são fatores fundamentais para adquirir esta qualidade.”Temos que investir em mais cursos que tragam esse conhecimento. Isso já é feito há seis anos dentro da própria FestLeite por meio de seminários, mas precisamos expandir ainda mais”.
Para ele, a curto prazo, é preciso conquistar uma qualidade maior da variedade e depois divulgar o produto a nível interno. “Segundo pesquisas, 95% dos brasileiros não sabem o que é noz-pecã e nunca experimentaram, por isso, depois de adquirirmos esta qualidade, precisamos a médio prazo fazer uma divulgação a nível interno”, diz Pitol.
Após, a longo prazo, a busca é pela exportação no mercado. “Depois de nos conscientizarmos mais no quesito qualidade, aí sim podemos falar em exportação e há muito a crescer neste sentido, temos um bom caminho para percorrer e alcançar um grande crescimento”.