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Quatro cidades da região já decretaram situação de emergência em decorrência da estiagem

As principais culturas afetadas são do leite, milho e soja

Por Denise Borsatto

Apesar de São Pedro ter dado uma olhada para o Rio Grande do Sul, e ter chovido nos últimos dias, muitos produtores ainda contabilizam os prejuízos causados pela estiagem. Outros acreditam que o impacto maior será sentido a partir do segundo semestre de 2020, como é o caso de Gilberto Lodi, da Linha Carijo Grande, interior de Anta Gorda.

Em sua propriedade, o leite é o carro-chefe. Ele tem cerca de 300 animais, sendo que 150 estão em lactação. Lodi plantou 45 hectares de milho para silagem e a perda nesta lavoura chega a 80%, obrigando-o a buscar outras alternativas para alimentação dos animais. “Eu tive que buscar silagem em Estrela e Teutônia, o que aumentou muito o meu custo de produção. Essa estiagem é uma das mais fortes dos últimos anos”, comenta.
Lodi acredita que o impacto será sentido nos próximos meses, quando começara cair a produção leiteira. “Se continuar assim vai reduzir a produção de leite. A qualidade da silagem neste ano é zero. Vamos ter que complementar depois, mas isso será daqui uns sete meses. Acredito que o estouro maior será no próximo ano, pois precisará de, no mínimo, um ano para recuperar”, salienta, ao enfatizar que a produção dos animais caiu em 30%.

Sindilat alerta para
impacto da estiagem na produção leiteira do
Estado

O Sindicato da Indústria de Laticínios do Rio Grande do Sul (Sindilat) alerta que a produção leiteira gaúcha, além de estar entrando no período de entressafra, já está apresentando uma queda acentuada na captação de leite, provocada pela falta de pastagem verde no campo e pelo estresse calórico animal, visto as temperaturas elevadas nesta época do ano. Esse é um dos efeitos previstos da estiagem que assola diversos municípios do Estado. Isso porque, de acordo com o presidente do Sindilat, Alexandre Guerra, o evento climático já causa perdas significativas no desenvolvimento do milho para a silagem, alimento essencial que é produzido para nutrição do gado durante todo o ano, e o aumento da temperatura provoca um estresse calórico para o animal, que acaba não se alimentando de maneira correta, refletindo na queda da produção de leite em 2020 e prejudicando o período reprodutivo dos mesmos. “Já no mês de março começaremos a sentir os efeitos mais fortes em relação à escassez de alimentos para o rebanho”, frisa Guerra.
Segundo Guerra, a captação diária nas propriedades gaúchas reduziu próximo a 8%, devido às altas temperaturas e chuvas muito abaixo das médias no Estado, índice que representa um milhão de litros de leite a menos entregues às indústrias associadas à entidade. “Esse cenário deve persistir durante todo o mês, mas a ocorrência de chuvas neste período, mesmo que em pouca quantidade, já poderá amenizar a situação”, pontua o presidente do Sindilat.

Anta Gorda

O escritório municipal da Emater de Anta Gorda também realizou um levantamento. Conforme o coordenador Eugênio Luis Senter, os dados são preliminares, se o tempo não colocar no decorrer dos próximos dias, as perdas podem chegar a 50%.
Os dados apresentados são que na cultura de soja, em uma área de 17.851 hectares, há uma perda de 20%. No milho grão e milho silagem, uma área plantada de 77.796 hectares com perda de 60%. No feijão, a área plantada é 458 hectares e a perda chega a 60%.

Putinga

Putinga também decretou situação de emergência na área rural, em função das perdas das lavouras. Conforme o levantamento da Emater e da Secretaria da Agricultura que está sendo realizado nas propriedades há uma grande escassez de água nas fontes naturais e açudes que abastecem, tanto consumo humano como o animal. As perdas são significativas nas lavouras de fumo, milho, feijão e soja, além de afetar diretamente o setor de aves, erva-mate suinocultura, piscicultura, uva e bacia leiteira.

Fontoura Xavier

Com base em dados levantados pela Emater, o município de Fontoura Xavier também decretou situação de emergência. A estimativa é de perdas de 60% na área plantada de milho. Na atividade leiteira a diminuição é de 45% e nas pastagens de 70%.

Doutor Ricardo

Na tarde do dia 13 de janeiro, a prefeita Catea Rolante reuniu-se no gabinete com secretários municipais, representante da Emater e coordenador de Proteção e Defesa Civil do município. Ao analisar o parecer da Coordenadoria Municipal de Defesa Civil, relatando a ocorrência da estiagem, decretou situação de emergência.
Ainda na área atingida, grande número de famílias enfrenta falta de água para consumo humano e animal, com vários arroios praticamente secos. Por meio Coordenadoria de Proteção e Defesa Civil e Secretaria da Agricultura e Meio Ambiente, o município está tentando amenizar o problema com o transporte de água potável para famílias e com o caminhão tanque para consumo animal.
Doutor Ricardo está sendo atingido principalmente nas localidades da Linha Zanella, Estrada Relvado, Linha Rio Branco, Linha Leopolda, Linha São Brás e Linha Bonita, no entanto a estiagem é sentida em toda a extensão do município. Essa situação apresenta como agravante, o fato de que na primavera, em especial nos meses de setembro, outubro e a primeira quinzena de novembro, período de preparo das lavouras, ocorreram seguidas precipitações com volumes altos, o que fez com que muitas lavouras não pudessem ser adequadamente preparadas.
O levantamento de dados foi coordenado pelo chefe Emater de Doutor Ricardo, Paulo Severgnini, apresentando que na cultura de soja, foram plantados 200 hectares, com produção total estimada de 2.980kg/ha, devido à estiagem em torno de 200 hectares foram atingidos. Com perdas que representam em torno de 35%. Na cultura do tabaco, foram plantados 200 hectares, com uma produção total prevista de 2.000 kg/ha. Na área atingida pela estiagem, estima-se que foram perdidos em torno de 25%. No milho, para a safra atual foram plantados mil hectares, numa produção inicial estimada de 5.573kg/ha destes foram atingidos mil hectares, representando perdas de aproximadamente de 45%. Na cultura de hortaliças, o município teve aproximadamente 250 famílias atingidas pela estiagem que apresentaram perdas nas culturas para o autoconsumo familiar, devido à estiagem foram estimadas que as perdas de aproximadamente de 40% em suas culturas de feijão, pipoca, abóbora, tomate, pepino, cebola, couve entre outras. Na atividade leiteira, o município possui 58 produtores leite, com uma produção anual de aproximadamente três milhões de litros produzidos. Em função dos danos com as pastagens e milho silagem estima-se uma quebra na produção atualmente é de 25%, mesmo chovendo em um futuro próximo, deverá levar em torno de seis meses para a situação ser normalizada.

Arvorezinha

O prefeito Rogerio Fachinetto realizou uma reunião com os Bombeiros Voluntários na quinta-feira, 9. A pauta foi estiagem, onde algumas comunidades sofrem com o desabastecimento de água. “Estamos muito preocupados com essa situação, também sou agricultor, e sei dos danos que a falta de chuva pode causar aos produtores rurais”, disse.
Ainda na quinta-feira, o secretário de Agricultura Nelso de Bona esteve reunido com demais colegas da região na sede da Federação das Associações de Municípios do Rio Grande do Sul (Famurs) em Porto Alegre, tentando buscar ajuda junto aos governos Estadual e Federal para amenizar os danos da estiagem. Para ajudar a amenizar os efeitos da falta de chuva, máquinas do município estão sendo mobilizadas para abertura de vertentes e bebedouros no interior, em suas diversas localidades. “Na tarde de sexta-feira, 10, recebemos também uma pipa por meio da Defesa Civil. Assim, em parceria com os bombeiros voluntários levaremos água potável aos agricultores”, finalizou o prefeito pedindo a quem está sem água, entrar em contato com o Corpo de Bombeiros, pelo telefone (51) 9 8034.7363;

Nova Alvorada

Nesta quinta-feira, 16, o prefeito em exercício Neuri Casagrande reuniu-se no gabinete com secretários, representante da Defesa Civil Municipal, Emater e Sindicato dos Trabalhadores Rurais, para análise do levantamento das perdas devido à estiagem. As autoridades avaliam se será decretada situação de emergência.
Dados apontam 20% de perda nas lavouras de soja e 50% na cultura de milho.
Conforme o técnico da Emater, Matias Tedesco, a chuva dos últimos dias chegou em boa hora, amenizando um pouco os problemas. “Mesmo tendo sido uma chuva esparsa, ajudou. Porém, o problema principal é o sol que é muito forte”, salienta.
Tedesco destaca que atividade leiteira está tendo queda na produtividade, além do aumento de custos com a alimentação dos animais.
O produtor Dilamar Ferreira Borges plantou 500 hectares de soja em lavouras nos municípios de Nova Alvorada, Itapuca e Soledade. Em 10 de outubro, foram plantados 150 hectares. “Com o auto volume de chuva também tivemos pequenas perdas, onde replantamos 20 hectares”, conta o sojicultor.
Apesar de não saber a porcentagem total, Borges garante que está tendo perdas na produção devido à estiagem. “A previsão é que tenha uma quebra de produção de 15 a 20%, em lavouras novas mais na região de campo. As lavouras que vêm de uma sequência de rotação de cultura de inverno, estão sentindo menos a estiagem. Foi plantado tudo antes da estiagem, quando atingiu a seca a produção já estava toda nascida. E a perda maior é nas variedades precoces, do ciclo mais curto”, acredita, ao salientar: “Como veio uma sequência de safras boas, é normal em algum ano ter grandes perdas, e vamos ter que arcar com os prejuízos. Estamos nos organizando com as rotações de cultura de inverno, em casos de pequenos períodos de estiagem, ajuda minimizar um pouco, quanto mais palha na terra mais umidade segura”, completa, ao lamentar: “Esse é o preço que o agricultor brasileiro paga quando tem perdas de estiagem ou chuvas, tem que arcar com os prejuízos sem ter nenhum auxílio do governo”.

Camargo

A prefeita Eliani Mesacasa Trentin e o vice Dilmovã Portela Cavalini também estiveram reunidos com os secretários, com a técnica social da Emater, Simara Lovizon e o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Camargo, Marcos Pagnussat, para discutir sobre a situação da estiagem.
Em Camargo, estima-se uma perda de 75% nas lavouras de milho, 30% nas lavouras de soja e na atividade leiteira e 90% de perdas no plantio do feijão.
O município encaminhou documentação decretando situação de emergência em virtude do levantamento realizado.

Prefeito reuniu-se com integrantes dos Bombeiros Voluntários na sexta-feira
Em 2018, Dilamar estava animado com o preço da soja. Neste ano lamenta as perdas
Camargo decretou estado de emergência
Luana Machado e Francieli Henckes auxiliam Lodi nas atividades
Autoridades de Doutor Ricardo estiveram reunidas

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